sexta-feira, 7 de outubro de 2016

URBANIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA ERA DOS FLUXOS

A abordagem em torno da configuração espacial na era dos fluxos realizada por Limonad (1999) tem como base a análise da “fragmentação e dispersão espacial dos processos produtivos em escala global, que resultaram na reorganização da reprodução dos meios de produção e da força de trabalho”.
            Tendo como contexto histórico a emergência do Neoliberalismo e elementos componentes da Terceira Revolução Industrial, que implicaram em três transformações significativas: nos meios de comunicação; na organização das formas de produção; e em bioengenharia; que trouxeram significativas mudanças na composição de novos arranjos sócio-espaciais.
            A confluência das escalas do global e local, como condicionantes da era da informação e dos fluxos, é evidenciada por esses movimentos dinâmicos que se estabelecem no território.
            Assim, pensar o território, como espaço apropriado, categoricamente, é perceber que sua gestão não ocorre de modo a estabelecer uma mesma apreensão por todos os agentes que nele se estabelece. Sendo as novas condições tecnológicas, que permitem a fluidez e a compressão do espaço pelo tempo, através da velocidade dos meios dispendidos, concentradas e direcionadas a setores de dinamização do capital.
            Nesse contexto, a autora coloca o urbano como lócus da reprodução do capital e da força de trabalho. Essas duas forças que, historicamente se convergiam espacialmente, pelos processos flexibilização e mobilidade do capital, dispendem-se dessa condição anterior. O que é facilmente verificado nos processos de mecanização agrícola; na automatização de serviços; nos processos de terceirização das empresas, entre outros. “Pode-se dizer que as novas transformações em curso representam novas estratégias para a acumulação e criam novas condições para a mobilidade do capital e novos obstáculos à mobilidade espacial da força de trabalho”. (LIMONAD, 1999).
      A materialização espacial da distribuição da população e das atividades produtivas são engendradas por diferentes agentes que atuam na estruturação territorial. Esses agentes seriam compostos, principalmente, pelo Estado, o Setor Imobiliário e o capital Agroindustrial.
O Estado tem papel preponderante na organização do espaço e nos padrões de assentamento das diversas frações do trabalho (infraestrutura eficaz que facilite a maior produção de capital pelo capitalista), bem como do capital. O Setor Imobiliário, composto por várias classes concorrentes entre si, inclusive o Estado, é o grande gerador da especulação imobiliária e sobrevalorização da terra. E, por último, os complexos agroindustriais, que se estabelecem em estruturas de grande concentração fundiária no campo, associados a indutores de potenciais áreas de desenvolvimento. Visto que a perspectiva de usos potenciais propicia a valorização do solo em áreas urbanas e rurais, o que gera à expulsão dos trabalhadores urbanos das cidades e dos trabalhadores rurais das áreas agrícolas
A lógica de cada um desses setores tende a gerar novos padrões de liberação da força de trabalho, sobretudo no escopo das transformações estruturais já supracitadas.
Para Castells e Hall (1994) chama a atenção com a seguinte afirmação: “durante o capitalismo competitivo o espaço urbano condensou e concentrou as esferas de reprodução, dadas as limitações do meio técnico - cientifico em termos de transporte e comunicações. Hoje, entretanto, pode-se observar a tendência à separação crescente entre as localizações espaciais dessas esferas de reprodução”. Isso basicamente devido à integração das transformações da Terceira Revolução Industrial, aonde se desvincula de um território concatenado e passa a fazer um fluxo (de informações, produção) entre várias partes do globo.
Referência Bibliográfica
CASTELLS, M. & HALL, P. (1994): Technopoles of the World. Londres: Routledge

LIMONAD, Ester. Reflexões sobre o espaço, o urbano e a urbanização. Geographia, Niterói, v. I, n. I, p. 71-91, 1999.

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