A abordagem em torno da configuração espacial na era dos fluxos realizada
por Limonad (1999) tem como base a análise da “fragmentação e dispersão espacial
dos processos produtivos em escala global, que resultaram na reorganização da
reprodução dos meios de produção e da força de trabalho”.
Tendo como contexto histórico a
emergência do Neoliberalismo e elementos componentes da Terceira Revolução
Industrial, que implicaram em três transformações significativas: nos meios de
comunicação; na organização das formas de produção; e em bioengenharia; que
trouxeram significativas mudanças na composição de novos arranjos
sócio-espaciais.
A confluência das escalas do global
e local, como condicionantes da era da informação e dos fluxos, é evidenciada
por esses movimentos dinâmicos que se estabelecem no território.
Assim, pensar o território, como
espaço apropriado, categoricamente, é perceber que sua gestão não ocorre de
modo a estabelecer uma mesma apreensão por todos os agentes que nele se
estabelece. Sendo as novas condições tecnológicas, que permitem a fluidez e a
compressão do espaço pelo tempo, através da velocidade dos meios dispendidos,
concentradas e direcionadas a setores de dinamização do capital.
Nesse contexto, a autora coloca o
urbano como lócus da reprodução do capital e da força de trabalho. Essas duas
forças que, historicamente se convergiam espacialmente, pelos processos
flexibilização e mobilidade do capital, dispendem-se dessa condição anterior. O
que é facilmente verificado nos processos de mecanização agrícola; na
automatização de serviços; nos processos de terceirização das empresas, entre
outros. “Pode-se dizer que as novas transformações em curso representam novas
estratégias para a acumulação e criam novas condições para a mobilidade do
capital e novos obstáculos à mobilidade espacial da força de trabalho”.
(LIMONAD, 1999).
A materialização espacial da
distribuição da população e das atividades produtivas são engendradas por
diferentes agentes que atuam na estruturação territorial. Esses agentes seriam
compostos, principalmente, pelo Estado, o Setor Imobiliário e o capital
Agroindustrial.
O Estado tem papel preponderante na organização do espaço e nos padrões
de assentamento das diversas frações do trabalho (infraestrutura eficaz que
facilite a maior produção de capital pelo capitalista), bem como do capital. O
Setor Imobiliário, composto por várias classes concorrentes entre si, inclusive
o Estado, é o grande gerador da especulação imobiliária e sobrevalorização da
terra. E, por último, os complexos agroindustriais, que se estabelecem em
estruturas de grande concentração fundiária no campo, associados a indutores de
potenciais áreas de desenvolvimento. Visto que a perspectiva de usos potenciais
propicia a valorização do solo em áreas urbanas e rurais, o que gera à expulsão
dos trabalhadores urbanos das cidades e dos trabalhadores rurais das áreas
agrícolas
A lógica de cada um desses setores tende a gerar novos padrões de
liberação da força de trabalho, sobretudo no escopo das transformações
estruturais já supracitadas.
Para Castells e Hall (1994) chama a atenção com a seguinte afirmação:
“durante o capitalismo competitivo o espaço urbano condensou e concentrou as
esferas de reprodução, dadas as limitações do meio técnico - cientifico em
termos de transporte e comunicações. Hoje, entretanto, pode-se observar a
tendência à separação crescente entre as localizações espaciais dessas esferas
de reprodução”. Isso basicamente devido à integração das transformações da
Terceira Revolução Industrial, aonde se desvincula de um território concatenado
e passa a fazer um fluxo (de informações, produção) entre várias partes do
globo.
Referência
Bibliográfica
CASTELLS, M. & HALL, P. (1994):
Technopoles of the World. Londres: Routledge
LIMONAD, Ester.
Reflexões sobre o espaço, o urbano e a urbanização. Geographia, Niterói, v. I,
n. I, p. 71-91, 1999.
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