*Trabalho feito por Cássio Dornas de Oliveira Guilherme Lopes Galvão, José Miranda do Carmo Júnior e Carlos Eduardo no quarto período da graduação pela disciplina Geografia Urbana, em novembro de 2011.
Dia 4 de
novembro de 2011 foi realizado o trabalho de campo pratico na cidade Belo
Horizonte pela matéria de Geografia Urbana ministrada pela professora Maria
Isabel de Jesus Chrysostomo. Esse trabalho tinha intuito em discutir e debater
os conhecimentos teóricos dados em sala de aula, como o conceito de
empreendedorismo de David Harvey, os de redes de Carlos Mattos, expansão urbana
de Marcelo Souza e a historia de formação da cidade de Belo Horizonte.
A
escolha de Belo Horizonte, como capital foi devido à necessidade de Minas
Gerais se mostrar politicamente forte e unida, fazendo uma cidade moderna e de
caráter progressista. Foram feitas algumas tentativas de transferência da
capital, como em São João Del Rei, porem foram fracassadas. Ouro Preto por não
ter perspectivas de crescimento, devido principalmente a sua topografia tinha
que deixar de ser a capital de um estado que pretendia ser referencia nacional.
A criação de Belo Horizonte se fez planejada, escolheram um pacato arraial,
chamado Curral Del Rei, devido a sua localização centralizada no estado.
Alem
disso o pacato arraial se encontrava próximo as riquezas do estado, como a
mineração. A criação de Belo Horizonte tinha como objetivo ser uma cidade
moderna, aos moldes das cidades européias, diferente de Ouro Preto que tinha
características de cidade colonial. Belo Horizonte nasceu pelas idéias
republicanas, mostrando o novo cenário político brasileiro da republica.
Em
1897 foi inaugurada a nova capital de Minas Gerais, uma cidade planejada, aos
contornos de uma avenida, a Avenida do contorno, na época ainda não concreta. A
ferrovia foi de extrema importância para a cidade, era dela que chegava seus
novos habitantes, os imigrantes (italianos principalmente), pessoas de outros
estados e do interior do estado. Por essa importância da ferrovia a praça da
estação era o ponto central da cidade. Os primeiros 50 anos de Belo Horizonte,
a cidade se baseava em pessoas que eram funcionários públicos. Juscelino Kubitschek
pode ser considerado um marco para Belo Horizonte, ele pavimentou varias ruas e
avenidas, consolidando, por exemplo, a Avenida do Contorno e pavimentou a
Avenida Afonso Penna. O grande marco de
JK como prefeito de Belo Horizonte foi à criação da Pampulha, que era uma
pequena barragem, que JK olhou com uma nova perspectiva, viu a possibilidade
ali de desenvolver o turismo em Belo Horizonte.
Oscar
Niemeyer foi quem projetou a Pampulha que incluía o Iate Clube, o Cassino, a
Casa do Baile e a Capela de São Francisco de Assis. Este bairro se consolidou
um bairro de classes ricas. Foi a partir da “revolução” feita por JK que Belo
Horizonte começou a crescer e desenvolver como cidade. A cidade de Belo
Horizonte diante do progresso e crescimento extrapolou o limite da avenida do
contorno se tornando uma metrópole de importância nacional. Até por ser uma
cidade planejada é de certa facilidade se locomover pela parte central da
cidade, pelos nomes das ruas que têm nomes de estados brasileiros, tendo
estados visinhos como ruas próximas, com nomes de indígenas, próximas entre si,
nome de presidentes, também vizinhas.
Uma
prova que Belo Horizonte é uma cidade aos moldes europeus é a presença de
vários parques, áreas verdes com principio de serem os pulmões da cidade. Essas
áreas são áreas de lazer, com clima agradável, boa ventilação, saindo um pouco
da idéia de urbano, que rodeia os parques.
Belo
Horizonte hoje é uma cidade de grande influencia nacional. Ela será uma das
cidades sedes da Copa do Mundo de 2014, por isso vem sofrendo algumas reformas
na parte central da cidade. A recuperação de algumas praças como a praça da
estação, que era um ponto perigoso da cidade, a retirada de mendigos dos locais
públicos, tudo isso para os visitantes estrangeiros terem uma boa impressão da
cidade.
A cidade
de Belo Horizonte é um bom exemplo do pensamento de David em seu texto “Do
administrativismo ao empreendedorismo: a transformação da governança urbana no
capitalismo tardio”. A cidade a partir dos anos de 2000 e principalmente quando
o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo, a capital estadual passa por
uma revitalização urbana em vários setores, como administrativo, econômico e
cultural. Essa revitalização entra no conceito visto no texto de Harvey sobre o
empreendedorismo que se concretiza por parceria do publico com o privado, essa
parceria tem seus lados positivos e negativos na visão do autor.
Os
pontos positivos dessa parceria no olhar de David são o capital externo para
realização de obras, projetos culturais (projeto de transformação da Praça da
Liberdade em um centro cultural), geração de novos empregos, mas pelo outro
lado esses investimentos não são absorvidos por toda parcela da população e
fica mais restrito a certas regiões da cidade (Assentamento Dandara, mostra
isso).
Para
Harvey “o empreendedorismo enfoca muito mais na economia política do lugar que
o território” vê esse pensamento com freqüência em Belo Horizonte como a
criação de uma nova sede administrativa para os governos estadual, obras
exclusivas para copa (redes hoteleiras, criação de centros culturais
aproveitados por parte da população, entre outras obras e projetos). Com esse
tipo de política a cidade ganha força econômica no cenário nacional e
internacional como um bom lugar para investimentos, seja eles para melhorias ou
para aumento do poder econômico e político da mesma.
O
empreendedorismo em Belo Horizonte ocorria de modo lento e continuo, mas desde quando
chegou a noticia que a cidade seria uma das sedes da Copa os governantes
municipais e estaduais aceleram o processo de urbanização e revitalização de
áreas centrais degradadas pelo tempo, mas após a realização do evento esportivo
em 2014 esses investimentos continuaram de forma continua visando tanto a
melhorias para a população e crescimento econômico em âmbito nacional e
internacional ou voltara a ser lento como antes ou deixaram de existir.
No
texto de Marcelo Lopes de Souza, a cidade é tida como um local de mercado, caso
de Belo Horizonte, cidade que nasceu com intuito de ser a capital de Minas
Gerais, e teve também sua base econômica baseada no comercio e na prestação de
serviços. A cidade foi toda planejada, sendo que seu centro além de ter suas ruas
planejadas, interligadas diagonalmente, evidencia uma forte tendência de
centralidade da economia, intensamente estabelecida nesta região. Marcelo
mostra também que algumas cidades têm a tendência de assumir as decisões
relacionadas à política, economia, caso também de Belo Horizonte, onde diversas
instituições sejam elas publicas ou privadas mantém suas sede e centralizam
todas as tomadas de decisões para a capital.
Outro
aspecto levantado pelo autor é a uma forte ligação entre a cidade e a sua
região de predominância, neste caso a Região Metropolitana de Belo Horizonte,
onde Souza coloca que todos os setores tanto da economia, quanto da política
estão diretamente interligadas a uma rede, comum fluxo continuo de informações
e serviços, tornando a rede mais extensa e complexa. Neste contexto Belo Horizonte
surge como uma capital nacional e conseqüentemente uma cidade atrativa a
investimentos oriundos de outros locais do país e do mundo.
Outro
fato levantado pelo autor é o crescimento de regiões fora do centro da cidade,
fazendo com que haja uma segregação sócio-espacial evidente, caso do condomínio
residencial Alphaville, localizado em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte,
onde maior porção dos moradores é advinda da capital mineira, que vêem ali um
local de refugio a vida agitada da capital e conseqüentemente uma maior
sensação de segurança. No caso de Belo Horizonte também ocorreu um fato
emblemático, quando houve um forte declínio do centro da cidade e por isso uma
valorização de bairros ao seu redor, como Funcionários, Lourdes, Savassi, entre
outros. Segundo o autor algumas metrópoles depois de algum tempo começam a ter
certas regiões, principalmente centrais, passando por uma forte degradação sócio-espacial,
decorrente de uma saída de classes mais ricas para bairros mais periféricos.
Fazendo
análises do trabalho com o texto de Carlos Matos, com a expansão da
globalização as grandes metrópoles passaram por uma intensa e profunda
modificação na estrutura física urbana, em sua arquitetura e morfologia básica,
com a cidade de Belo Horizonte não foi diferente, com a demanda de novas
oportunidades de trabalho e serviços prestados, a cidade passou a se modificar
na sua estrutura seguindo o modelo de redes urbanas, onde nesse modelo a
estrutura urbana e física muda de acordo a atender as demandas dos serviços
prestados pela cidade, assim além do crescimento da cidade passa a acontecer um
crescimento das outras cidades menores, que estão em seu entorno, pois as
populações dessas cidades geralmente trabalham na grande metrópole, havendo
assim um intenso fluxo de pessoas todos os dias.
Em
certos pontos com aumento da população sobre área da cidade quase que é impossível
saber se está em Belo Horizonte ou outra cidade metropolitana de seu entorno (mesmo
caso de outras tantas metrópoles nacionais quanto estrangeiras). A cidade
também passa a ter um intenso fluxo de pessoas e mercadorias de outras partes
do país e do mundo, onde Belo Horizonte é um dos principais pólos econômico do
país, o turismo financeiro passa a ser destacado na cidade. Assim a cidade
passa por uma transformação do quadro social e das respectivas aglomerações e
em sua provável evolução.
Com
a implantação de empresas e mercados financeiros, o uso do solo urbano passou a
ser decidido pelo mercado em função de suas rentabilidades, onde as estruturas
das avenidas e rodovias da cidade modificam-se de acordo com a necessidade das
empresas e mercados presentes. O centro da cidade passa por constantes
transformações, sendo que habitações no centro são poucas, onde na maioria são
prédios comerciais. Hoje em dia sob, o impacto da globalização, esboça-se uma “[...]
cidade sem centro, ou uma região organizada em torno dos fragmentos dispersos
da explosão do centro. A cidade da globalização tem de Ser decifrada com
produto que corresponde à etapa especifica de modernização capitalista em que,
em uma evolução marcada pela continuidade e pela mudança, o que é novo está
tentando se unir de forma conflituosa e contraditória a construção histórica,
que modula a identidade de cada metrópole...” (MATOS,2004,pag.191).
Belo Horizonte hoje é uma cidade
reconhecida mundialmente, com grande influencia nacional. Por ser uma cidade
planejada, mesmo que a cidade tenha extrapolado este planejamento, tem uma boa
infra-estrutura em sua parte central. Segue ao final algumas fotos que mostram
o grande crescimento da cidade a partir da década de 1950.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
HAVEY,
David. Do administrativo ao empreendedorismo: a transformação da governança
urbana no capitalismo tardio. In: HAVEY, David. A produção capitalista do
espaço. São Paulo: Annablume, 2005
SOUZA,
Marcelo L. ABC do Desenvolvimento Urbano, pag. 49-80
MATOS,
Carlos A de. Redes, nodos e cidades: transformação da metrópole
latino-americana. In: RIBEIRO e outros (org) Metrópoles: entre a coesão e a
fragmentação, a cooperação e o conflito. Rio de Janeiro: FASE, Observatório das
Metrópoles, Fundação Perseu Abramo, 2004.
www.portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ Acesso em 25 de Novembro de 2011.
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