quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Globalização, Territorialidade e Identidade Nacional

Texto-resposta referente a um trabalho de GEO 430-Geografia Política, no meu quarto período da graduação, feito com um amigo de curso Natanael Júnior Duarte Silva.


            Para muitos autores a globalização tem inicio com as grandes navegações, meados dos séculos XV e XVI, é um fenômeno gerado pela necessidade de dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global, permitindo assim maiores mercados para os países centrais, cujos mercados internos se encontravam saturados. Podemos dizer que através desses processos, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideais, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do mundo.
            O conceito de identidade nacional visa tornar homogêneas as diferenças que existem no interior da nação, estabelecendo um discurso de unidade; de um povo unificado em torno de ideais comuns. Nota-se, nesse sentido, uma cultura hegemônica que assume o papel da cultura nacional, suprindo as outras culturas que ajudaram a formar a nação. Portanto, enfatiza-se o poder cultural, pois a cultura dominante constrói as representações da unidade a partir das diferenças internas da sociedade.
            Segundo Haesbaert (2007, p 47), “Se o território é uma construção histórica, sem esquecer que dele fazem parte diferentes formas de apropriação e domínio da natureza, as territorialidades também são forjadas socialmente ao longo do tempo, em um processo de relativo enraizamento espacial.”
            O processo de globalização tende a gerar uma homogeneidade, onde a pessoa (solitário) esta inserida dentro de uma identidade nacional, mas em si ela procura estar representada numa escala menor de identidade (por exemplo, mineiro do norte de minas) onde ela se caracteriza pela cultura local (da mesma forma que outras pessoas) gerando uma comunidade que se materializa identificando-se no território (os indivíduos da comunidade não necessitam se conhecer pra que haja a comunidade).
A idéia de identidade nacional surge no contexto de criação do estado nacional moderno (Revolução Francesa). O estado nacional age nas instituições que por sua vez produz a identidade nacional de um determinado individuo (crescer e ser educado no Brasil = brasileiro; crescer e ser criado no Paraguai = paraguaio). Temos como exemplo de construção de uma identidade nacional a criação de um herói, herói esse que fará com que certa população se identifique com seus ideais, criando assim um sentimento de nacionalismo.
A identidade nacional é uma comunidade imaginada, porque a pessoa se sente inserida nela, devido a sua identificação (com aquela cultura) e por esta no mesmo território não conhecendo todos seus indivíduos. A primeira ação de um país que tem sua independência é a criação de uma identidade nacional, com a independência conquista-se o território, com a identidade nacional cria-se a nação.
Identidades nacionais estão ligadas as raízes culturais, raízes essas que são trabalhadas ou construídas por certos lideres (política e religião). Essas raízes constituem uma força enorme que propicia a criação de espíritos nacionalistas fortíssimos (poder impressionante). A força do capital “arranca” as raízes culturais, as pessoas procuram se “enraizar” novamente para se defender, defender uma certa identidade, um certo modo de vida. A identidade nacional teve muito êxito no Brasil (futebol).
Dentro de um território físico e não delimitado pode existir varias territorialidades (temporais/flexíveis) onde, por exemplo, no período da manha numa praça possa existir uma feira rotineira, no período da tarde uma área de lazer e no período da noite um ponto de encontro de usuários de drogas, tudo no mesmo local, variando apenas o horário.

Ainda nesse sentido, temos como exemplo a colônia americana, pois no mesmo território onde hoje é a costa leste dos EUA se encontrava as treze colônias, mas que apesar de ser colônia inglesa existiam várias territorialidades divergentes dentro desta colônia. No norte predominava a colonização de povoamento, no sul era presente a colonização de exploração, com a utilização de trabalho escravo.
Como já foi mencionado acima, a globalização propiciou uma maior dinâmica para o avanço dos ideais capitalistas.  A força do capital de certa forma “arranca” as raízes culturais, as pessoas procuram se “enraizar” novamente para se defender, defender uma certa identidade, um certo modo de vida.
Então podemos concluir que a globalização procura ditar uma cultura dominante, causando assim uma ameaça aos Estados nacionais, pois a massificação dessa cultura capitalista enfraquece a identidade nacional, pois da maior prestigio aos costumes vindos das economias centrais. Esse fato pode desencadear na produção de novas territorialidades por parte da população, que busca se diferenciar da cultura global e se identificar com algo de caráter mais local, mais presente em seu cotidiano, para poder se blindar um pouco da massificação cultural produzida pela globalização. (ex.: jovens brasileiros deixando de usar camisetas de times de futebol nacional e passando a usar de clubes europeus).
Referência: “O Território em tempos de Globalização”-HAESBAERT 2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário