sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Londres e Paris no Século XIX: o espetáculo da pobreza - Resumo

Resumo do livro " Londres e Paris no Século XIX". pp 7-122, da autora Maria Stella Martins Bresciani, resumo ao qual foi destinado a apresentação oral e entrega do resumo (que é esse que disponibilizo) pela disciplina GEO 230-Geografia Urbana no 4º período da graduação. O resumo feito por mim e pelos meus amigos de graduação: Natanael Júnior Duarte Silva, Guilherme lopes Galvão, Roger Ricardo Pinto, José Miranda do Carmo e Luciano de Assis Silva.


A rua e seus personagens
Londres e Paris no século XIX foram marcadas por um acontecimento recém gerado que se configurava na multidão. Esse novo fenômeno passou a fazer parte do cotidiano das grandes cidades, onde a identidade individual passou a ser substituída por uma noção de identidade coletiva, onde o habitante passa a fazer parte de um grande aglomerado urbano.
Walter Benjamin fez da multidão seu objeto de estudo na literatura do século XIX, e diz que estar exposto a esse fenômeno faz a vida cotidiana tomar a dimensão de um permanente espetáculo, pois em cada canto havia a possibilidade de se observar algo novo, sempre havia uma incerteza quanto a que poderia ser encontrado. Essas cidades também se caracterizavam pelas distintas características da ocupação do espaço urbano. Durante o dia, as ruas eram tomadas pelo exercito de operários, já à noite esses se recolhiam em seu leito para o descanso enquanto as ruas eram tomadas por vagabundos, criminosos e prostitutas. Durante a noite os soldados do trabalho repousam, enquanto os “demônios” despertam para preencher o espaço urbano.
Em meio à multidão londrina, era possível encontrar distintas classes, como por exemplo, nobres, mercadores, advogados, lojistas, agiotas, batedores de carteira, jogadores profissionais, prostitutas, vendedores de empadas, exibidores de macacos, entre outros indivíduos, deixando claro o caráter heterogêneo das multidões, onde se pode encontrar todo tipo de cidadão. Os autores do século XIX compuseram uma representação estética do universo das cidades, identificando elementos comuns do viver em multidão com o estar à mercê de habitantes selvagens ou ainda como estar sujeito a condições de estadia no inferno.
Outro fator importante de se ressaltar foi à questão da readequação da população para com o tempo, na primeira metade de século as atividades urbanas haviam perdido todo o vinculo com o tempo da natureza, passando a serem vinculadas ao tempo abstrato dividido em 24 horas, esse novo método, arrancou do homem a lógica da natureza devida seu caráter que consistia em tornar uma sociedade disciplinada de ponta a ponta, uma sociedade obediente perante um continuo e irreversível fluxo ligado a repetição diária dos mesmos afazeres e mesmos percursos.
A Descida aos Infernos
Este título relata a situação da capital inglesa (Londres) na metade do século XIX, com a industrialização ocorrente na cidade. Onde com o alto índice de industrialização a cidade atraiu milhares de imigrantes, sendo ingleses de outras partes da Inglaterra e estrangeiros (como Irlandeses, por exemplo), sendo que com uma população tão grande e crescente de operários, Londres passou a ser vista com outros olhos. Pois com o aumento maciço da população em pouco tempo os problemas de infra-estrutura e empregos passaram a fazer parte do cenário local da cidade. Londres que era considerada pelos ingleses um exemplo de cidade civilizada, passou a ser comparada com o inferno, pela alta população obtida e rodeada de fumaça em ocorrência das indústrias presentes em volta da cidade.
Mas essa situação a que Londres passou a sofrer vale-se da crise que as indústrias mais tradicionais da cidade, passaram na metade do século XIX, aonde milhares de imigrantes que vieram em busca de empregos e melhores condições de vida, se depararam com um desemprego assustador, é há mercê de serem super explorados quando assim conseguiam emprego sendo sujeitados a condições deploráveis de emprego.
Nessa onda de desemprego, Londres começou a sofrer com as revoltas dessa população de desempregados, que em algumas partes da cidade começaram a ocorrer saques e depredações de casas e comércios. A paisagem de Londres mudou assustadoramente nesse período, alem das casas mal planejadas e sujas, a figura da população também mudou onde o jovem londrino passou a ter um aspecto de “Doente, Pálido, e Magro”, em recorrência da falta de emprego e melhores condições de vida da população operaria. Dessa forma a população, sendo a maioria os desempregados, começou a planejar rebeliões em busca de emprego e melhor condição de trabalho, não querendo viver de caridade da população mais rica da cidade, que podia ser identificada na frase usada por um grupo de manifestantes Não a caridade sim ao trabalho, com isso a tensão tomou conta da cidade no final da década de 1880. Nesse momento, “o lugar mais bonito da Europa se transformou num sórdido acampamento de vagabundos e desempregados”.
colmeia popular
East End é um bairro de Londres com uma população tão grande quanto Berlim, Viena, São Petersburgo ou Filadélfia que tem com selo ser ocupado pela classe operária com dois milhões de pessoas em um lugar que ninguém visita.
O bairro pelo seu número de pessoas tem como característica o trânsito direto cotidianamente de homens e mulheres da casa para o emprego e do emprego para casa entre ruas estreitas e irregulares (impróprias para a passagem de pedestres) com o declínio sistema doméstico de produção, exteriorização da atividade do trabalho - “é a amplitude dessa exposição pública das atividades do trabalho o que choca os contemporâneos” [pág.50] – essa é a produção da identidade social do operário. Fourier [pág.51] afirma que além da miséria de Londres, Paris na França caminha para a mesma miséria (na França da época, inexistia diferença entre homem pobre, trabalhador e criminoso) na degradação da condição humana. Essa degradação é observada com a seguinte afirmação presente no texto de que “é sempre a apreciação crítica da pobreza proletária londrina e de suas más conseqüências para a vida da cidade o argumento mais utilizado pelos franceses quando elaboram em suas projeções as futuras condições de vida em Paris”, já colocando aos olhos a questão da precariedade da condição de vida humana nessas duas grandes cidades européias. Pois é na cidade que a pobreza mais abundante e mais hedionda encontra ambiente favorável para sobreviver, equilíbrio entre as classes mais ricas e as mais pobres, definindo a classe média. Buret em citação coloca uma imagem pessimista onde “a humanidade se vê afligida desse mal (a barbárie) que ela apenas entrevê, pois estamos longe de conhecê-lo em toda sua extensão; os governos se inquietam com razão, eles temem que, no seio dessas populações degradadas e corrompidas, explodam um dia perigos inabarcáveis”. Essa imagem pessimista ainda impõe na diferença explicita por Buret entre a pobreza que atinge o homem somente fisicamente e a miséria que o atinge emocionalmente, e é nessa questão que na França os contemporâneos vêem o perigo que é a ameaça política que a miséria cria o desenvolvimento da consciência (na Inglaterra se vê essa miséria somente como estagio moral).
Na época a economia política, que se autodenomina como uma ciência social, não pode fechar os olhos para os fatos que contradizem suas teorias e ainda diz que diante do quadro da riqueza das nações é necessário que a economia política coloque o quadro da miséria das nações [pág.57]. No final do século persistiu a imagem negativa do novo mundo industrial, onde Leon Say diz ser a causa de uma doença social nova – o pauperismo (estado crônico de privação das coisas essenciais a vida – alimentos, água entre outros). Dessa nova doença, inicia-se uma nova questão, quanto custa por dia, à vida? O historiador Michelet confirma em seu livro “La Peuple” a imagem corrente de degradação da vida (condição humana desses operários da cidade). Esse historiador juntamente com Engels tem um fascínio pelo progresso, mas tinham um constrangimento em relação ao auto custo humano para se realizar tal progresso.
Ao mesmo tempo em que Londres e Paris iam se industrializando cada vez mais, Londres rapidamente e primeiramente, e Paris mais tarde e com uma velocidade menor comparada com a anterior, à máquina ia fazendo o seu fascínio e a sua negatividade. Pois, a máquina vulgarizava os produtos mais diversos e colocava o homem como servo (além de dominar o corpo, ela cobiçava a mente). Assim, afastado de qualquer atividade de pensamento, esses homens perdem exatamente que os diferenciam dos seres irracionais, a razão. Com esse grande enfoque em cima da indústria, é nesse local que Michelet busca as razões do comportamento do operário que, no seu maior espetáculo (a multidão), diz que “essa multidão não é má em si, suas desordens derivam em grande parte de sua situação, de sua sujeição a ordem mecânica que para os corpos vivos é em si uma desordem, uma morte”. Enquanto os pensadores franceses, após o movimento de 1848, têm uma preocupação com a existência de um contingente populacional que poderia ser uma ameaça no campo político, a burguesia francesa se assustava em relação ao povo através da associação deste com o terror-comunismo. Onde o povo é usado como ameaça política, tem a imagem cristalizada no passado – o terror – e uma projeção no futuro – o comunismo.
Quando os pensadores do século XIX se atêm a esses termos (povo, terror e comunismo), eles se indagam na imagem de que “a exposição pública do mundo do trabalho com suas misérias, a imensa massa anônima dos trabalhadores em multidão impondo através dessa presença a definição de um espaço social onde exige ter sua identidade reconhecida”, na visão dos pensadores o homem pobre, o vagabundo e o criminoso são a mesma coisa, se torna a mesma coisa, a multidão. Dessa multidão, segundo Michelet, é que os pensadores da época fazem uma “confusão reinante na errônea designação do povo fruto do trabalho dos criminalistas, que por tratarem com a parte excepcional do povo, esta multidão corrompida das grandes cidades, dominaram a opinião pública e por inspiração sua os economistas estudaram o que esses criminalistas denominavam povo: trabalhador e muito especialmente os trabalhadores das manufaturas”, essa foi à tentativa de Michelet de desfazer a imagem negativa do povo francês.
Numa visão entre França e Inglaterra tem de analisar em relação à porcentagem do povo vinculado a máquina, pois enquanto a Inglaterra de 1850 tem 50% de sua população nas cidades, a França possui somente 25% nos perímetros urbanos. A França assim é ainda nessa época um país rural que tem um crescimento industrial lento. Outro fator também característico da França é de que devido aos “autos salários e as reivindicações dos operários urbanos, turbulentos e preguiçosos, fazem com que muitas manufaturas se instalem na área rural. Paris, sobretudo sofre entre 1815 e 1820 um êxodo de suas maiores fabricas”. [pág.71]
Por fim, a cidade de Paris com seu centro (principalmente ele) se vê em más condições, considerada por uns “uma imensa fabrica de putrefação onde nem as plantas sobrevivem”, onde os homens, segundo contemporâneos da época, passam por um processo de degeneração biológica.
O Homem Pobre e o Vagabundo
A partir do intenso processo de industrialização que a Inglaterra sofreu diversos foram os problemas que surgiram nas cidades industriais. A possibilidade de emprego serviu de incentivo para população do campo e de outras regiões migrarem para as cidades industriais que se formavam. O poder de atração exercido pelas cidades foi tão forte que a quantidade de pessoas que lá chegaram no início desse processo e posteriormente com o crescimento normal da população produziu-se um inchaço nas cidades, e decorrente desse, vários problemas relacionados a qualidade vida da população urbana. A cidade em sua dinâmica habitual não conseguia suprir as necessidades de sua população e as indústrias não possuíam postos de trabalho suficientes para absorver toda essa mão de obra. Diante disso crescia a miséria, e a paisagem urbana se mostrava profundamente deteriorada pela quantidade de mendigos, pela sujeira e pelo crescimento dos bolsões de pobreza que muitas das vezes era causador de várias doenças.
Neste contexto de grande mudança da dinâmica na cidade essa grande quantidade pessoas pelas ruas, tanto trabalhadores com também “vagabundos” produziu uma grande infinidade sensações nos antigos moradores da cidade. O medo foi o primeiro seguido da repulsa, do nojo e posteriormente a tentativa de resolver esse problema.
A questão que se coloca é a de como resolver o problema da multidão amotinada, o crescimento dos bolsões de pobreza e na sociedade de Londres do séc.XIX que se caracterizava pela positividade do trabalho como fazer os mendigos que consumiam muito dos cofres públicos em programas assistenciais produzirem o suficiente para seu sustento e algo mais que faça girar o mercado.
Os ingleses desde o séc.XVI já possuíam dispositivo que tratavam da questão dos que não trabalhavam (os vagabundos). Naquela época os dispositivos já eram subumanos (sanguinário nas palavras de Marx) e falavam até em castigos físicos. Ao longo do séc.XIX a partir das analises sociais de Locke essas políticas públicas foram legitimadas. Este filósofo partindo da premissa de que a terra e seus frutos foram dados em comum a espécie humana e sendo estes essenciais ao desenvolvimento da vida, fica justificada a apropriação destes meios por uns poucos. O trabalho é o meio pelo qual se deve usar para conseguir os meios para sua existência. Locke faz inúmeras proposições acerca dos papeis sócias que devem ser desempenhados na cidade. A classe pobre é essencial, sendo a mesma obrigada a trabalhar, onde vagabundos e desempregados não tem lugar nesta sociedade e isso se deve a degradação moral. Os pobres, assalariados e desempregados por terem que se preocupar com coisas ligadas a sua subsistência possuem um nível mental baixo não sendo possível assim lutarem junto aos ricos, salvo em períodos de calamidade pública. Sendo assim fica justificado o uso da força para com esses tipos, no sentido estimulá-los ao trabalho, deste modo, os trabalhadores são livres, já os desempregados não são nem livre e nem partilham de uma comunidade política, o que não os livra de estarem submetidos ao poder político do estado. É recorrente em seu discurso a necessidade de obrigar os vagabundos a trabalharem sob castigos físicos, ele chega a propor a criação de estabelecimentos de trabalhos forçados que atingiriam até as crianças maiores de três anos.
A medida que o tempo passava o processo de industrialização se expandia e produzia cada vez mais desigualdade, com isso mais problemas sociais, esse conjunto de mudanças que provocaram as mais diversas transformações foi chamada de “questão inglesa”, ela englobava uma infinidade de  aspectos relacionados aos impactos da industrialização no modo de vida da população.
Por volta do ano de 1830 um novo contexto se ergue quando a quantia necessária para   manter os desvalidos passa de 4 milhões de libras para 7 milhões, com isso uma seria de mudanças acontecem no âmbito das políticas sociais. Em 1834 uma nova “lei dos pobres” é criada. Essa nova lei mantém o auxílio aos sem trabalho, mas os obriga a entrar nas chamadas (Workhouses), nessas casas praticava-se trabalhos forçados, comia-se mal,era proibido fumar, devia-se ficar em silêncio, as visitas eram raras e a disciplina  era se uma prisão. As diversas formas de punição dos desempregados eram tão grotescas que o idealizador dessa nova lei dos pobres já havia tentado usar indigentes em substituição do vapor em uma fábrica de seu irmão.
O que se pode perceber a partir dessas políticas é a separação entre os pobres que trabalham e os que não trabalham marcando assim a profunda divisão do social do trabalho características dessa sociedade.
A partir das diversas movimentações das bases dessa sociedade no sentido de que essa grande massa de trabalhadores começa a se fazer ouvir pelo seu expressivo número, começa a haver uma relativa organização (movimento cartista) do trabalhador em busca de participação política. Essa movimentação ainda não foi suficiente para mudar a imagem do homem pobre por completo, mas mostrava aos governantes que a classe trabalhadora não podia mais ser tratada como criança.
Diante deste contexto de grande mudança de postura dos pobres e a partir disso a mudança da visão do homem rico para com os pobres, novos tipos de relações são produzidos no seio da sociedade inglesa. Agora a visão recorrente é de que o desemprego não é mais uma questão temporária nem resistência ao trabalho, e sim uma questão estrutural, uma criação da própria sociedade industrial, como um resíduo que, produzido por ela, nela não tem lugar. (Bresciani, Maria Stella Martins. Londres e Paris no Século XIX. Pg104.)              
Classes pobres, Classes perigosas.
            Na França do século XIX, principalmente em Paris, existe o temor das jornadas revolucionárias, jornadas estas formadas pela população pobre, mas não a pobreza indigente. Eram pessoas querendo fazer valer suas exigências através do controle das instituições políticas.
            A partir de 1830 começam as primeiras manifestações, revoltas, isoladas, mas sempre reprimidas, porem sempre renascentes. O sentimento revolucionário surgia principalmente nos bairros operários. Esse sentimento de revolta se familiarizava com a Revolução de 1789, considerada como a fundação da sociedade francesa. Em meio a esses anos revolucionários, se definiu a imagem de retorno ao estado natureza, um estado primitivo onde tudo era possível, pois tudo antes construído pelo estado se encontrava arrasado(estrutura política e a hierarquia de privilegio de seus habitantes). Esse movimento não se tratava apenas de uma revolta, mas sim de uma revolução, que tinha como objetivo a liberdade do povo, que antes eram considerados os pobres e oprimidos.
            Robespierre já dizia que não sabia se iria se instaurar uma monarquia ou uma republica, mas ele só sabia da questão social, que tinha o objetivo de alcançar a liberdade. A miséria que prevalecia nas ruas, com o povo, fez de certa maneira mudar os ideais da revolução, não tinham mais como objetivo a liberdade, mas sim a abundancia (tentativa de conter a pobreza e a miséria). Na teoria política de Rousseau já tinha transformado a compaixão num dever político plenamente racional, e esse dever foi transformado numa “solidariedade fundada na comunhão de interesses com os oprimidos e explorados”. Deixa a idéia de confronto de opiniões e passa a existir a idéia de consentimento ou vontade geral. Isso acaba inserindo a “multidão” nas decisões do poder. Na França então surge à política da felicidade ou da abundância geral, inserindo toda a população de modo no mínimo mais igualitário.
            Forma-se na frança o que se chamou de revolução permanente, é uma forma de dizer que o povo conseguiu seus ideais como esta descrito no texto: “... o fim da força, o trabalho para o homem, a instrução para a criança, a doçura social para a mulher, a liberdade, a igualdade, a fraternidade, o pão para todos, o paraíso na terra". A revolução era tão temida que vasculhava minuciosamente o terreno onde se imagina que germinava o “inimigo”. Um imenso exercito saia à rua a procura de pelo menos um pequeno sinal das chamadas classes perigosas. A questão social se encontrou momentaneamente sua forma política, a republica formada pela livre associação de comunas federais. A multidão toma as praças e proclamam o direito dos citadinos à sua cidade (Comuna de Paris).
            Foi a primeira grande mobilização da classe desfavorecida em prol da igualdade e felicidade geral, pode-se dizer que a revolução francesa é o inicio das revoluções com objetivo de igualdade entre as pessoas.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Nacionalismo e suas complexidades construídas.

*Último trabalho feito pela disciplina Geografia Política, no meu 4º período da graduação juntamente com meu amigo de curso Natanael Júnior Duarte Silva, em novembro de 2011.


                  A bibliografia abordada durante o curso, sem dúvidas é de grande importância para que possamos compreender o que é a nossa contemporaneidade, ou seja, como nosso mundo se estrutura e como as modificações no âmbito econômico geram ideologias que causam grandes interferências em nossas vidas, mostrando que como as novas medidas impostas pelo mundo globalizado vem tornando as pessoas cada vez mais árduas e competitivas. Nossa intenção no presente trabalho é estabelecer uma discussão sobre as inter-relações dessas transformações.
            O Estado, hoje Estado-Nacional foi uma construção histórico-social trabalhada e retrabalhada a partir da Revolução Francesa, onde que se iniciou o princípio de Estado-Nação ao qual conhecemos atualmente. Temos que ressaltar aqui que há uma imensa influência do capitalismo para a formação de um Estado Nacional, pois este se configurou junto com o desenvolvimento de um Mercado Nacional.
            A nação, a partir da fundação do Estado-Nacional, foi fundamentada em valores simbólicos que convergiam populações para uma concepção de que pertenciam a um grupo ou nação, e é esse sentimento de pertencimento a algo maior, dessa maneira, é que propicia que esse estado seja gerido de acordo com os interesses dos governantes.
            Mas como esse grupo ou nação se formou?... Como já foi dito, o grupo ou nação se sente pertencendo a uma comunidade maior, que compartilham várias peculiaridades em comum, e esse algo maior é o Estado-Nacional ao qual se pertence e que passa a ter poder sobre a construção do pensamento, quando passa a intervir em setores que influenciam a população de forma que essa seja mudada de forma progressiva e gradativa por auxílio da língua (que se torna a língua nacional), da história nacional, que passa a ser formada por uso de símbolos, personagens, mitos que proporcionam o sentimento de honra e orgulho de pertencer a pátria (muitas vezes esses símbolos existiram, mas não da mesma forma a qual é transmitida pelo estado), e esses símbolos passam a integrar toda a população em um sentimento de irmandade (todos pertencem a uma sociedade, mas não há necessidade da existência de contato direto entre estes indivíduos para que eles saibam que ambos fazem parte dessa mesma estrutura). Então, se o princípio de nacionalidade se iniciou a partir da revolução Francesa, qual a diferença entre o nacionalismo do século XIX e o nacionalismo do século XX?(Sim, existe dois nacionalismos diferentes).
            Para se formar um Estado-Nacional é necessário uma base fixa (um espaço), o território, para que as representações culturais dos povos sejam alicerçadas sobre o solo. Dessa forma, houve dentro do território que agora é nacional, uma busca pelo nacionalismo, fazendo com que o Estado utilizasse todo seu poder de influenciar e comandar para “contaminar” (sem se pensar se a contaminação seria boa ou ruim, o propósito usado é de expandir) as populações que estavam dentro de suas fronteiras a se sentirem pertencentes à nação que passa a ser construída e reconstruída (em alguns momentos de crise) por manobras políticas para a definitiva junção de povos (culturas) em prol da nação, então a principal característica do nacionalismo do século XIX é a junção, envolvimento desses povos em volta do Estado-Nacional, com bases na comunidade (que é imaginada) e se constitui como integrada a expressão da cultura de um “único povo”, uma única nação, através da etnia, sendo formada por: língua, religião, costumes, tradições, sentimento de lugar e etc.
            As questões e conflitos envolvendo o nacionalismo no final do século XX começaram a aparecer a partir, principalmente, da recessão de 1973, pois é a partir de uma crise como foi essa que se passa a buscar um ponto de conforto, nesse caso, o conforto é o passado, que contêm a base a se aliar. É nos momentos de crise que as diferenças, sempre existentes, passam a ser enxergadas, então é o momento de maior tensão, pois é o valor das diferenças que faz com que haja a imensidão de conflitos entre aqueles que se colocam em situações diversas, como exemplo foi o genocídio de judeus na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial, o Xenofobismo atual na Europa. Conflitos esses que são realizados por certos grupos contra outros grupos distintos que passam a se odiarem por motivos dos mais banais aos mais complexos. Nesse momento de crise é que o local ou povo local (em todo seu contexto) tende a se fortalecer através dos princípios de sua identidade vinculada a comunidade a qual pertence.
            No período a partir da década de 1970 devido à capacidade dos fluxos, o local e o global passam a se contradizer cada vez mais, pois a idéia seria que o primeiro começaria a perder espaço, em todos os sentidos culturais e econômicos para a “moda homogênea” da proposta e costumes do global, ou melhor, dos americanos e europeus, mas o que vem ocorrendo alem dessa disseminação de alguns traços homogêneos de “culturas dominantes” é o fortalecimento de culturas locais, que se configura numa forma de se blindar mesmo que minimamente do avanço dos ideais capitalistas que nos são impostos diariamente, pois até a década de 1970 a identidade era ligada diretamente ao nacionalismo, pós 1970 essa se fragmentou propiciando a criação de varias territorialidades dentro de um estado.
            A reestruturação do capitalismo, que agora tem como base o setor financeiro e se organiza em redes, possibilita conexões entre lugares distintos no espaço, gerando a fragmentação da produção. Nesse modelo, os empreendimentos agem escolhendo onde se investe e em contrapartida as demais áreas onde ficará as margens do processo de acumulação capitalista. Essas redes são também as de telecomunicação, o que gera a simultaneidade de informações, o que passou a mostrar, em tempo real, a realidade vigente no mundo em todas as suas diferenças. Essa amostra de diferenças, mais as crises ocorridas se tornaram um argumento bastante concreto para uso de grupos políticos sociais que se valem dessas diferenças e da crise para se fortalecerem perante a sociedade para se mostrarem que são a favor da inserção ao modelo político-econômico atual ou a fazerem apologia contra as influências geradas pelo processo de globalização em seus territórios.
            Com toda essa conturbação política ocorrida no modernismo e mais ainda no pós-modernismo, o sentimento de grupos políticos, ou mesmo nações, que pertencem a um Estado-Nacional, querem se tornar independentes desse Estado-Nacional ou Estado-Nações como já é colocado por muitos autores na atualidade sobre o debate político (muitas vezes sem uma base, sem um território, para que isso ocorra).
            Esta é a característica principal do nacionalismo do final do século XX, o movimento nacionalista por separação (em contraposição ao anterior que era por junção), onde, alguns Estados não conseguiram atender as necessidades de “nações” que se encontravam no interior de seu território, essas nações se colocaram contra o Estado e tenderam a se separar por vários motivos (econômicos, sócias, religiosos etc) sucumbindo o que antes era dito como uma grande nação, pelo motivo de não conseguirem se adequar as diferenças existentes dentro de seu território.
            Temos também como expressões de poderosas identidades coletivas principalmente a partir do ultimo quarto de século, aquelas que se colocam não somente contra as transformações impostas pelo capitalismo, mas também na busca por melhorias no âmbito social e democrático. São novas identidades que podem ser de caráter ativo que abordam as relações humanas, se consistem em um movimento muito democrático, são voltados às novas questões que o mundo moderno trás e em sua maioria rompem as fronteiras nacionais, constituindo-se em movimentos universais e buscam melhorias no âmbito mundial como, por exemplo, o feminismo. Porém, essas novas identidades também podem ser de caráter reativo que se consiste em um projeto de blindar certo grupo das influencias do capitalismo em defesa de certa identidade (religiosa, étnica, familiar, etc.) perante um mundo em constante mudança.
            Os “valores nacionais” foram ate certo ponto, absolutos, porém, hoje esses valores vêm perdendo força, pois o que prevalece são os interesses do capital e nem sempre os interesses desses são os mesmos do Estado Nacional. Hoje o capitalismo se despregou do Estado Nacional, estando mais ligado ao caráter de capitalismo financeiro, temos então um mundo dividido entre os interesses do capital financeiro e dos Estados Nacionais. O avanço da globalização nos passa a idéia errônea de que esta tende a homogeneizar os povos, mas na realidade a tendência de um mundo global é cada vez mais a produção e heterogeneidade e é exatamente a partir do momento em que essa heterogeneidade produzida pelo mundo moderno passa a não ser “absorvida” pelo estado é que se configuram as crises, pois o estado tem o papel de garantir o bem estar social de todos que o compõe, a partir do momento que ele não consegue desempenhar esse papel passa a gerar insatisfação interna, colocando em cheque a “estabilidade da democracia política”, botando a prova a dita “democracia” que foi tão pregada pelos países centrais.
            Temos como exemplo de fato descrito no parágrafo acima o caso dos africanos na Europa, que tornaram presentes nesses países centrais um hibridismo tradicional muito grande, o que tende a gerar tensões, pois na Europa há uma resistência maior sobre as influencias estrangeiras, pois esses estados já estão consolidados há muito tempo. Em tempos de economia aquecida o contingente de imigrantes é incorporado pelo estado, porém, em tempos de crise vem à tona um forte discurso de direita exaltando o nacionalismo e levantando também a questão das raízes para se defender do que é diferente. Esse fato vem causando tensões entre pessoas nativas e os estrangeiros. Esse cenário também se enquadra perfeitamente na ideologia difundida pelo Nazismo que “satanizou” os Judeus perante os Alemães.
            Como já foi dito, a bibliografia nos ajuda na busca pelo entendimento daquilo que se consiste em nossa contemporaneidade, para entendê-la devemos questionar e não apenas apontar as diferenças. Se estivermos sempre na defensiva, defendendo nossa cultura, nosso território, nosso modo de vida, nossa religião o tempo todo não conseguiremos entender o outro, para que isso ocorra, devemos questionar aquilo que achamos ser a verdade, pois essas em sua maioria são construídas e impostas a nós com alguma finalidade. Para realizarmos uma boa analise temos que desconstruir nossas verdades.
Referências:
-ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo. Cia das Letras, 2009.
-CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade. São paulo. Paz e Terra, 2001.
-HAESBAERT, Rogério. O Mito da Desterritorialização: Do "Fim dos Territórios" à Multiterritorialidade". Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2004.
-HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro, DP&A Editora, 2004.
-HARVEY, David. A Condição Pós-Moderna. São Paulo. Loyola, 1992.
-HOBSBAWM, Eric. Nações e Nacionalismos desde 1780. São paulo. Paz e Terra, 1991.
- SOUZA, Marcelo L. O Território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. pp 77-117. In: CASTRO, Iná E. de et al. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. pp 77-116.



quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Globalização, Territorialidade e Identidade Nacional

Texto-resposta referente a um trabalho de GEO 430-Geografia Política, no meu quarto período da graduação, feito com um amigo de curso Natanael Júnior Duarte Silva.


            Para muitos autores a globalização tem inicio com as grandes navegações, meados dos séculos XV e XVI, é um fenômeno gerado pela necessidade de dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global, permitindo assim maiores mercados para os países centrais, cujos mercados internos se encontravam saturados. Podemos dizer que através desses processos, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideais, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do mundo.
            O conceito de identidade nacional visa tornar homogêneas as diferenças que existem no interior da nação, estabelecendo um discurso de unidade; de um povo unificado em torno de ideais comuns. Nota-se, nesse sentido, uma cultura hegemônica que assume o papel da cultura nacional, suprindo as outras culturas que ajudaram a formar a nação. Portanto, enfatiza-se o poder cultural, pois a cultura dominante constrói as representações da unidade a partir das diferenças internas da sociedade.
            Segundo Haesbaert (2007, p 47), “Se o território é uma construção histórica, sem esquecer que dele fazem parte diferentes formas de apropriação e domínio da natureza, as territorialidades também são forjadas socialmente ao longo do tempo, em um processo de relativo enraizamento espacial.”
            O processo de globalização tende a gerar uma homogeneidade, onde a pessoa (solitário) esta inserida dentro de uma identidade nacional, mas em si ela procura estar representada numa escala menor de identidade (por exemplo, mineiro do norte de minas) onde ela se caracteriza pela cultura local (da mesma forma que outras pessoas) gerando uma comunidade que se materializa identificando-se no território (os indivíduos da comunidade não necessitam se conhecer pra que haja a comunidade).
A idéia de identidade nacional surge no contexto de criação do estado nacional moderno (Revolução Francesa). O estado nacional age nas instituições que por sua vez produz a identidade nacional de um determinado individuo (crescer e ser educado no Brasil = brasileiro; crescer e ser criado no Paraguai = paraguaio). Temos como exemplo de construção de uma identidade nacional a criação de um herói, herói esse que fará com que certa população se identifique com seus ideais, criando assim um sentimento de nacionalismo.
A identidade nacional é uma comunidade imaginada, porque a pessoa se sente inserida nela, devido a sua identificação (com aquela cultura) e por esta no mesmo território não conhecendo todos seus indivíduos. A primeira ação de um país que tem sua independência é a criação de uma identidade nacional, com a independência conquista-se o território, com a identidade nacional cria-se a nação.
Identidades nacionais estão ligadas as raízes culturais, raízes essas que são trabalhadas ou construídas por certos lideres (política e religião). Essas raízes constituem uma força enorme que propicia a criação de espíritos nacionalistas fortíssimos (poder impressionante). A força do capital “arranca” as raízes culturais, as pessoas procuram se “enraizar” novamente para se defender, defender uma certa identidade, um certo modo de vida. A identidade nacional teve muito êxito no Brasil (futebol).
Dentro de um território físico e não delimitado pode existir varias territorialidades (temporais/flexíveis) onde, por exemplo, no período da manha numa praça possa existir uma feira rotineira, no período da tarde uma área de lazer e no período da noite um ponto de encontro de usuários de drogas, tudo no mesmo local, variando apenas o horário.

Ainda nesse sentido, temos como exemplo a colônia americana, pois no mesmo território onde hoje é a costa leste dos EUA se encontrava as treze colônias, mas que apesar de ser colônia inglesa existiam várias territorialidades divergentes dentro desta colônia. No norte predominava a colonização de povoamento, no sul era presente a colonização de exploração, com a utilização de trabalho escravo.
Como já foi mencionado acima, a globalização propiciou uma maior dinâmica para o avanço dos ideais capitalistas.  A força do capital de certa forma “arranca” as raízes culturais, as pessoas procuram se “enraizar” novamente para se defender, defender uma certa identidade, um certo modo de vida.
Então podemos concluir que a globalização procura ditar uma cultura dominante, causando assim uma ameaça aos Estados nacionais, pois a massificação dessa cultura capitalista enfraquece a identidade nacional, pois da maior prestigio aos costumes vindos das economias centrais. Esse fato pode desencadear na produção de novas territorialidades por parte da população, que busca se diferenciar da cultura global e se identificar com algo de caráter mais local, mais presente em seu cotidiano, para poder se blindar um pouco da massificação cultural produzida pela globalização. (ex.: jovens brasileiros deixando de usar camisetas de times de futebol nacional e passando a usar de clubes europeus).
Referência: “O Território em tempos de Globalização”-HAESBAERT 2007

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Explicando o mecanismo do fenômeno El Ninõ e sua repercussão sobre a Ásia e a América do Sul.

*Resposta de uma pergunta referente a um trabalho de Climatologia Geográfica no meu primeiro período de graduação em 2010.


O El Ninõ é um fenômeno oceânico caracterizado pelo aquecimento incomum das águas superficiais nas porções, central e leste, do Oceano Pacífico, especificamente nas proximidades da costa peruana, na América do Sul. Segundo Francisco Mendonça a corrente de água quente que circula na área mencionada no início do verão, mais precisamente no final do mês de dezembro.
O aquecimento para se caracterizar o fenômeno, ocorre quando o aumento é de 1ºC ou até mais elevados (4ºC a 6ºC) acima da média térmica, isso se trata de uma alteração da dinâmica normal da célula de Walker. O fenômeno é mais evidente nas costas peruanas, quando águas frias do fundo oceânico (ressurgência)  e da corrente marinha de Humboldt são interceptadas por águas quentes provenientes do norte e oeste. O El Ninõ é uma interação oceânico-atmosféríca , assim, as águas superficiais  do Pacífico interagem com a atmosfera  e geram uma gangorra barométrica entre as regiões leste e oeste do oceano. O Fenômeno é também ocasionado pelo enfraquecimento da alta subtropical do Pacífico Sul e ao enfraquecimento do sistema de baixa de pressão na porção oeste do Pacífico (aonde, nos dois casos, as pressões são normalmente baixas). Sobre a ocorrência do fenômeno existem relatos desde o século XVI, onde hoje é bem discutido na atualidade e é também assunto para controvérsias sobre sua origem para diversos ramos de pesquisas (oceanógrafos, meteorologistas, astrônomos, geólogos, entre outros de menor expressão).
Na origem das investigações sobre o fenômeno foi concluído que esse ocorria geralmente, em cada 7 de um período de 14 anos, só que a partir da evolução dos conhecimentos, observou-se que não era exatamente regular, aonde já foram observados a ocorrência de 12 eventos que fogem a essa regularidade. O fenômeno afeta a dinâmica a dinâmica climática em escala global, gerando bruscas variações climáticas no mundo. Essas mudanças têm impactos sobre a atividade humana, gerado por: severas secas, inundações e ciclones. Segundo Mendonça o efeito mais imediato é mais notado na queda brutal da produtividade da pesca e do guano na costa do Peru, devido a uma brusca redução da quantidade de fitoplânctons que são trazidos para a superfície pela água ressurgente do fundo oceânico e pela corrente fria de Humboldt. Estes alimentam os cardumes de anchovas da região, e quando ocorre o bloqueio térmico, os cardumes se afastam da região. Outro impacto é a seca na Austrália, Indonésia e África austral soheliana, enquanto isso, na costa oriental do Pacífico ocorre trombas d’água, ciclones até na Califórnia-EUA. As mudanças são observadas em alguns pontos do globo como: seca no sul do Peru e oeste da Bolívia, chuva excessiva no sul da China, frio e neve no Oriente Médio. É de se constatar que os impactos não são característicos das regiões afetadas.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Explique a dinâmica atmosférica e sua influência na distribuição da pluviosidade no Brasil.

Resposta de um trabalho realizado no 1º período de graduação referente a disciplina GEO 120-Climatologia Geográfica.



Os controles climáticos se formam pelos campos de pressão na superfície terrestre. Tais controles são responsáveis pela circulação do ar no planeta.
O conhecimento do clima está relacionado às escalas climáticas, onde um clima particular (microclimática) que é a circulação terciária está submetida à de segunda e a de primeira circulação, a circulação secundária (mesoclimática) está submetida a primária (macroclimática), essa escalação é de extrema importância para se entender as relações climáticas, mas não se pode perder a o que realmente acontece de exceções em alguns casos, onde a terciária  ou a secundária interferem nas superiores, mas não na mesma amplitude das relações anteriores.
Em uma concepção dinâmica é preciso levar em conta os mecanismos de circulação geral e os sistemas atmosféricos- as massas de ar e as frentes a elas relacionadas. A movimentação do ar é alimentada pela distribuição desigual da energia solar e influenciada diretamente pela rotação da terra. A energia solar recebida pela terra não é igual em todos os pontos da superfície do planeta, isso em decorrência da latitude e das 4 estações climáticas do ano. Como as regiões de latitudes baixas recebem uma grande quantidade de energia, ela faz com que haja um “equilíbrio”, pois as regiões de alta latitude recebem uma quantidade cada vez mais inferior à medida que se aumenta a latitude (da mesma forma que em regiões de cadeias montanhosas ocorrem à presença de climas azonais, apesar de estarem localizadas em regiões de latitudes baixas, a altitude compensa a latitude nesse caso). Os centros de ação ou áreas que exercem o controle climático do planeta são reconhecidos como alta pressão (anticiclonais) e baixa pressão (ciclonais ou depressões), esses centros se concentram relativamente paralela a linha do Equador. Os centros de baixa pressão se encontram nas latitudes entre 0º e 6º a sul e a norte. É de se constatar que as isóbaras (paralelas ao equador) não são regulares devido à influência de relevo e a desigual repartição entre terras e mares. Essas inconstâncias das zonas de pressão são representadas pelas células de Walker, Hedley e Ferrel. As zonas de alta pressão subtropicais de norte e sul do Equador correspondem ao ramo subsidente da célula de Hadley. Em superfície, a direção dos ventos que dai se originam é de leste para oeste, sendo estes os alíseos, que se dirigem dos trópicos para o Equador, nos dois hemisférios. Os centros de ação dão origem aos movimentos atmosféricos, as formações dos ventos se fazem dos centros de alta para os de baixa pressão.
Uma definição simples sobre massas de ar diz que uma massa de ar é uma unidade aerológica, ou seja, uma porção da atmosfera, de extensão considerável, que possui características térmicas e higrométricas homogêneas. Para a formação da massa de ar precisa-se de três condições básicas: superfícies com considerável planura e extensão, baixas atitudes e homogeneidade quanto às características superficiais. Ao se deslocarem das suas zonas de origem, as massas de ar se modificam da maneira como sejam os locais por onde ela passe; mudando assim a sua temperatura e umidade, aonde essas duas são as principais características de uma massa de ar.  O encontro de duas massas de ar de características distintas produz o que é comumente chamada de frentes, onde se denomina frontogênese o processo de origem e frontólise sua dissipação. As frentes se deslocam graças às zonas de altas e baixas pressões, onde a frentes avançam sobre a superfície em forma de arco, cuja origem é um centro de alta pressão e a ponta do arco corresponde a um centro de baixa pressão.
 A dinâmica atmosférica influência na pluviosidade em decorrência das zonas de baixa pressão no interior do país, devido a sua grande extensão a beira-mar, por se situar na região intertropical. Na Amazônia, onde se têm o maior índice pluviométrico devido a grande evaporação nas variadas formas (evaporação e evapotranspiração), isso ocorre por causa de que a umidade formada na região é densa, por situar-se numa zona de baixa pressão, por receber uma grande quantidade de energia a massa de ar que se encontra nessa região é a MEC (massa equatorial continental) e MEA (massa equatorial atlântica), ambas quentes e úmidas, a umidade elevada nessa região se deve a isso e por uma condição estável da atmosfera na região. As regiões que são alcançadas pelas massas de ar úmidas (MEC, MEA e MTA - massa tropical atlãntica) têm uma pluviosidade alta devido as características das massas, exceções ocorrem por influência do relevo, da continentalidade entre outros. Já as massas de ar secas (MTC – massa tropical continental) influenciam para uma menor pluviosidade em regiões por ela abrangida (centro-oeste).
Pelo Brasil se encontrar em uma região intertropical, a sua pluviosidade é modificada mais pela relação da circulação terciária (mais próxima a superfície) abrangida dentro das superiores. A terciária tem agentes modificadores como o relevo, a planitude e a latitude da área que se ocasiona as massas.