quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Trabalho de Campo no Parque Estadual do Ibitipoca - MG - Parte I

I)                 Introdução
O Parque Estadual do Ibitipoca (PEI) está localizado no distrito de Conceição do Ibitipoca, município de Lima Duarte, sudeste de Minas Gerais, à aproximadamente 93 km de Juiz de Fora e 38 de Lima Duarte. Situado entre as coordenadas geográficas 21º40’ - 21º44’S e 43º52’- 43º55’W, com área de 14, 8 km2 (1.488 há) em altitudes que variam de 1.050 a 1.784 m.
A disciplina de GEO 461 – Geografia e Planejamento Ambiental discorreu todo o período com foco na relação entre sistemas naturais (de diferentes escalas) e a sociedade. Esta relação entre sociedade e natureza é muito bem observada em Conceição do Ibitipoca, uma área de extrema beleza natural. O PEI e a vizinhança sendo reconhecida como Patrimônio Natural e sendo o parque estadual mais visitado de Minas Gerais. A relativa proximidade de grandes cidades, como Juiz de Fora e Rio de Janeiro (270 km), e tantas outras como Ubá (198 km), Viçosa (240 km), Barbacena (90 km) e outras menores possibilita o deslocamento até o parque, apesar de quase 30 km de estrada de terra. A proximidade desses centros urbanos, da beleza cênica e dos eventos nas proximidades do parque, principalmente em Conceição do Ibitipoca, são as principais causas da enorme visitação ao distrito e ao PEI. Em média, por ano, tem-se um número de aproximadamente 50 mil visitantes. Em períodos de final de semana e feriados prolongados é que se tem um número elevado de visitantes, devido a isso os organizadores do PEI possibilitam a entrada de 300 pessoas nos dias úteis e até 800 pessoas nos finais de semana e feriados. Um número grande de turistas, levando em consideração o tamanho populacional do distrito, que é em torno de 900 a 1200 residentes.

Em períodos de eventos, o número de turistas chega a 3000 mil pessoas, como ocorre no festival de música, Ibitipoca Blues (IbitiBlues), ao qual injeta valores em torno de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), onde 100% da rede de hospedagem fica ocupada. Pensando nesse número de visitantes em um só período de dias, e no relato da população, ocorrem muitas queixas da população residente com referência aos turistas nos dias de evento. A relação entre a população residente e turistas tem 2 pareceres, um é o excesso de pessoas e a rotina do distrito que fica prejudicada, assim como problemas vinculados a bagunças vinculadas a festa e a infraestrutura do distrito que deve ser repensada em alguns pontos. A infraestrutura tem também de ser pensada não somente no número de pessoas que visitam o local, mas também na questão de que uma expansão da infraestrutura pode acarretar um número maior de visitantes, o que provocaria alterações, não só econômicas, mas também naturais devido à pressão sobre o distrito e o parque.  Outro parecer é que o turismo é a principal fonte de renda gerada na região. O que foi observado nesta estreita relação entre sociedade e natureza é que ocorre uma ampla apropriação dos recursos naturais, a beleza cênica, e um conflito de interesses no distrito. Outra importante observação é o alto padrão de muitas moradias no local, onde, provavelmente, são casas de pessoas que moram em outras cidades, sendo então casas de finais de semana e feriados.

Fotos 1 e 2: casa de moradia relativamente de médio a alto padrão (acima) e pousada (abaixo), ambos no distrito de Conceição do Ibitipoca - Lima Duarte - MG - Brasil
I)                  Características do PEI
O PEI, caracterizado pela sua beleza cênica como Patrimônio Natural e pela rica diversidade de ambientes, com diferentes características de fitogeografia (e fauna), clima, geologia e geomorfologia é uma área de ampla possibilidade de observações e estudo nestas diferentes áreas da ciência.
A área pode também ser denominada de Geopatrimônio, onde representa uma pequena parte representativa de geodiversidade, englobando elementos sociais e naturais, ao qual podem ser classificados em outros tipos de patrimônio: geológico, geomorfológico e petrológico.
Dessa maneira, os principais atrativos do parque (valor cênico, turístico e científico) são: grutas, quedas d’água e praias fluviais.
Geoambientes do Parque Estadual do Ibitipoca. Fonte: H. C.TEIXEIRA; E. I. F. FILHO, C. E. G. R. SCHAEFER, R.F.M. MICHEL, J.B. LEMOS JR (2002).



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Metrópoles no contexto do processo da urbanização brasileira.

*Texto de trabalho realizado pela disciplina GEO 443 - Brasil Centro-Sul, pelo curso de Geografia da Universidade Federal de Viçosa.

O desenrolar do texto tem como base a evolução histórica do processo de urbanização e vinculada a isso a metropolização de algumas regiões brasileiras, mostrando o crescimento no número de cidades e da população urbana desde a década de 1940.
A reflexão para o decorrer desse período toma como fundamentos a dinâmica do processo de urbanização e de metropolização da sociedade brasileira entre 1940 e primeira década do século XXI. Para tal discussão serão tomadas como base os textos: “A dinâmica do processo de urbanização no Brasil, 1940-2010” (2012), dos autores Fausto Alves de Brito e Breno Aloísio T. Duarte, e “A ‘volta da metrópole’ no Brasil: referências para a gestão territorial”, da autora Fany Davidovich, presente no livro “Metrópoles: entre a coesão e fragmentação, a cooperação e o conflito” (2004), (org.) Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro.
Os textos abordam em primeira importância a construção histórica das áreas urbanas que tomaram como função a concentração de pessoas e de em si de capital (nas suas várias formas) em um momento inicial, aonde as primeiras áreas simplesmente urbanas chegaram ao “status” de Regiões Metropolitanas (RM), que se formaram a partir de uma base industrial, característica principal das primeiras RM’s, sendo dessa forma, reconhecidas a partir da lei federal 14 (1973) como RM, sendo reconhecidas 9 inicialmente em todo o Brasil, e 5 na região Centro-Sul que são: São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba e Rio de Janeiro (em 1974, com a fusão dos estados do Rio de Janeiro e Guanabara). Essa iniciativa federal tinha como princípio o fortalecimento da integração nacional, medida decorrente do governo militar, ao qual cada RM provinha já neste momento, de diferenças quanto ao seu papel industrial. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, em substituição as constituições promulgadas pelo regime militar, ficou clara a liberdade de formação e registro de RM por âmbito de governos estaduais. Com essa nova medida, passou-se a serem cridas novas RM, principalmente em função de um fortalecimento da integridade nacional, sendo o projeto inicialmente federal, do governo militar, tanto quanto a criação de uma dinâmica de hierarquização, polarização e concentração político-urbana propiciada pelo papel de cada poderio metropolitano.
Com a constituição de 1988, cada estado passou a ter a iniciativa de criar suas próprias áreas metropolitanas estaduais, onde DOVADOVICH (2004), sobre análise na década de 1990, evidência 26 RM, enquanto BRITO & PINHO (2012), evidenciam no total 36 RM. Este último dado é o mais atualizado, sendo que desse total, a região Centro-Sul detêm de 19 RM. Confirmando a maior dinamicidade em relação às outras regiões.
Segundo Davidovich (op. Cit) “a metrópole não deve ser interpretada como uma realidade única, que a designação genérica poderia fazer supor”, ela passa a ser múltipla/pluralizada. Essa multiplicidade de ambientes sociais deve ser tomada não somente entre as metrópoles, mas também no interior de cada uma delas, relativizando a escalada de violência, a metropolização da pobreza, a precarização do mercado de trabalho, ou seja, a exclusão social em que o reordenamento urbano se conforma na “involução metropolitana” (SANTOS, 2003) ou na metropolização da pobreza constituída de ambiente construído e infraestruturas ultrapassadas decorrente da estagnação da década de 1980, conhecida como “década perdida”, onde o aspecto urbano não conseguia substituir o “capital velho” pelo “capital novo”. Este capital novo, instrumentalizado pela especialização econômica a partir de funções e definições globais: finanças, telecomunicações, consultorias, publicidade e marketing; que são representações dos chamados “novos ramos de emprego”. Dessa maneira, evidencia-se uma diferenciação entre as metrópoles antigas e as novas, que agora não são somente fomentadas pela base industrial, mas também pelos serviços especializados de cada RM. Não que isso é somente representado pelas novas, mas esse processo de especialização é mais explicito nessas.
Com a ampliação das RM’s e sua concentração populacional, o processo de urbanização foi concomitante com a expansão do crescimento da economia capitalista industrial, formando a base urbano-industrial de características socialmente desiguais, tanto inter-regionalmente quanto intra-regionalmente. Desigualdades que são necessárias à acumulação do capital urbano. Outra consequência é a problematização da gestão metropolitana, que supera a base municipal, tornando-se “Supramunicipal” controlada por empresas públicas, órgãos administrativos com âmbito de atender as necessidades da RM, papel debatido entre as esferas: municipal, estadual e federal quanto à administração de tais necessidades.