terça-feira, 22 de novembro de 2016

Dinâmica das Camadas da Terra

Entender a dinâmica dos elementos naturais (físicos, químicos e biológicos) que compõem a Terra é de fundamental importância para compreender a Geografia Física do nosso planeta.
Mas para que entender a Geografia Física? Entender a Geografia Física é necessário, pois a Geografia (Física) é a disciplina que inicia o conhecimento sobre a dinâmica natural do nosso planeta, inicia a compreensão de que o homem é detentor destes espaços naturais e que estes são passíveis de serem incorporados e transformados pelas ações humanas (extração de minerais, água, ocupação adequada, agricultura entre outros).
Camadas da Terra
A Terra, em uma análise da Ecologia, ciência vinculada a Biologia e Geografia, possui quatro camadas que são importantíssimas para destacar as diferentes camadas que compõem a Terra, seus fenômenos naturais, biossociais, e as relações entre ambas a camadas. Seguindo a base de Ecologia (ciência interdisciplinar que tem como base relacionar várias ciências) as camadas da Terra são:
- Litosfera - a parte sólida formada a partir das rochas;
- Hidrosfera - conjunto total de água do planeta (seus rios, lagos, oceanos);
- Atmosfera – a camada de ar que envolve o planeta;
- Biosfera – as regiões habitadas do planeta.


A Litosfera

Entende-se como Litosfera (Crosta Terrestre), a camada de sólida (de rochas) que circunda a Terra. É constituída de rochas e solos que apresentam uma enorme variedade, possuindo a Litosfera, três diferentes tipos de rochas:
- Rocha Sedimentar – formada pela deposição de sedimentos (restos de outras rochas, solos, materiais orgânicos, etc) em uma área mais baixa do relevo;
- Rocha Ígnea – formada pela solidificação de magma, que sai do manto e migra para Litosfera, a solidificação acontece tanto em superfície (extrusiva/vulcânicas) e no interior da Litosfera (intrusiva/plutônica);
- Rocha Metamórfica – formada pela modificação na estrutura física e química de outras rochas (sedimentares ígneas e também de outras metamórficas).
O solo é a parte mais friável (menos densa) da Litosfera, pois o solo é resultado da transformação de uma rocha, que passou pelo processo de intemperismo (perda dos constituintes químicos que compunham a rocha), onde o solo é constituído, principalmente, de minerais, matéria orgânica e vida (macro e microrganismos). Sendo, então, o solo conhecido como uma camada viva da Terra.
A formação de solos a partir da transformação de rochas é, junto com a evolução da vida terrestre, um processo que vem acontecendo desde que a Terra passou a possuir dois dos seus principais elementos: água e vida.

A Hidrosfera – a camada de água da Terra
A parte externa do Planeta Terra é recoberta por água, em estado sólido, líquido e gasoso em aproximadamente 70% (1,4 bilhão de km³) de sua extensão. Esta superfície delineia sobre o globo um estrato sem solução de continuidade.

É composta por águas marinhas (com composição salina – de sal) e águas continentais (águas “doces”). A distribuição das águas no planeta Terra é, aproximadamente, a seguinte:

A água surgiu a partir do resfriamento da Terra, decorrente dos vulcões que expeliam vários gases e do vapor de água que se evaporou, favorecendo a ocorrência de chuvas.
A água é fundamental a vida, a vida no planeta se iniciou, não por acaso, na água com primeiros seres vivos – trilobitas – depois com seres aquáticos, depois da sua migração para a terra – anfíbios - depois em répteis e a conseguinte evolução até o m0mento atual – mamíferos. Todos com total dependência perante a água.
- Rios e Lagos - Os rios e os lagos são águas continentais por estarem presentes em áreas emersas (acima dos continentes). A formação deles se dá em decorrência do afloramento dos lençóis freáticos. Entretanto, essa não é a única maneira de formação de um rio, uma vez que ele pode se originar de derretimento de geleiras, como o Rio Amazonas (rio misto – lençol freático e geleiras), e cursos de água momentâneos/temporários (pequenos, ou médios rios que se formam a partir de uma elevada precipitação).
Atualmente, reservas de água doce (geleiras, rios, lagos e aquíferos) estão sofrendo diversos impactos devido à ação humana, tais como: poluição doméstica, industrial e rural.

A Atmosfera
Atmosfera Terrestre é o nome dado à fina camada gasosa que envolve o planeta. Ela é composta por inúmeros gases que ficam retidos por causa da força da gravidade e do campo magnético que envolve a Terra. Visto do espaço, a Terra aparece como uma esfera de coloração azul brilhante. Esse efeito é produzido pela dispersão da luz solar sobre a atmosfera.

Os principais gases que compõem a atmosfera terrestre são:
- Nitrogênio (78,1%)
- Oxigênio (20,9%)
- Argônio, Gás Carbônico, Hélio e Neônio e outros (1,0%).

A atmosfera possui também o vapor d'água, que se encontra em suspensão no ar, principalmente nas camadas baixas da atmosfera (75% abaixo de quatro mil metros de altura) e exerce o importante papel de regulador da ação do Sol sobre a superfície terrestre, sua quantidade de vapor varia muito em função das condições climáticas das diferentes regiões do planeta, os níveis de evaporação e precipitação são compensados até chegar a um equilíbrio, pois, as camadas inferiores estão muito próximas ao ponto crítico em que a água passa do estado líquido ao gasoso. Têm-se muito vapor (umidade) em áreas de climas quentes e úmidos (florestas tropicais e equatoriais), e pouco vapor em áreas de clima muito quente e seco (desertos).
A fina camada gasosa que forma a nossa atmosfera isola a Terra de temperaturas extremas. Ela mantém o calor dentro da atmosfera (efeito estufa, que é natural) e também bloqueia a passagem da maior parte da radiação ultravioleta proveniente do Sol (prevenindo os seres vivos), impedindo-a de atingir a superfície terrestre. É importante também, ao pensar em atmosfera, ter em mente, bem definido, o conceito de pressão atmosférica, que é a quantidade (peso) da camada de ar sobre um determinado ponto do espaço geográfico. Pensando na espessura, portanto na quantidade de ar, é evidente dizer que a pressão do ar sobre uma Cidade A, localizada a 100 metros de altitude é maior do que em uma Cidade B localizada a 1000 metros de altitude. Pois, se a troposfera (camada mais baixa da atmosfera e com a maior quantidade de gases, portanto, maior peso) tem aproximadamente 12 km de extensão, na Cidade A a camada sobre ela é de 11,9 km, enquanto na Cidade B é 11 km. A pressão atmosférica sobre a Cidade A é maior.
É na camada da troposfera, camada mais baixa da atmosfera, que ocorrem os fenômenos climáticos (chuva, tornados, ventos...), ou seja, é nessa camada que ocorre o clima.

Biosfera (esfera de vida)
A Biosfera é encontrada em condições ambientais em que se processa a vida animal e vegetal da terra. O termo biosfera foi criado pelo geólogo Eduard Suess em 1875 e consiste no espaço povoado pelos seres vivos.

Está incluída no âmbito da geosfera (no âmbito de fenômenos climáticos, geológicos, biológicas compreendidos na Terra) e é composta pela camada superior do solo (Litosfera), o ar (Atmosfera), a água (Hidrosfera) - no conjunto desses componentes com os seres vivos é que forma a biosfera – elementos relacionados as camadas como a luz, o calor e os alimentos, que fornecem condições necessárias para o desenvolvimento da vida fazem, também, parte da Biosfera.
A biosfera compreende-se desde o topo das mais altas cadeias montanhas até as partes mais profundas dos oceanos, ela é delimitada de acordo com a presença de seres vivos, se há seres vivos é Biosfera, se não há, não é Biosfera. O limite superior da Biosfera está em torno de 7000m e seu limite inferior em 11.000m, totalizando uma faixa de, aproximadamente, 18 Km.
A maioria dos seres vivos terrestres se encontra até 5000m acima do nível do mar e nos oceanos, algumas bactérias, já foram encontradas a mais de 9000m de profundidade, sendo que também a maioria se encontra até 150m de profundidade.

A dinâmica da Litosfera terrestre
A Litosfera terrestre possui uma diversidade de rochas (geologia), solos (pedologia) e relevo (geomorfologia), que são decorrentes de vários fatores, entre eles, as outras camadas da Terra: Biosfera, Atmosfera e Hidrosfera.
Para pensar nas características de cada camada, deve se pensar que a Terra é um sistema “vivo”, onde cada camada tem a sua especificidade, mas que tem ampla relação com as outras. Assim, a Litosfera possui suas especificidades devidas principalmente a sua constituição (cada tipo de rocha, tanto as ígneas, sedimentares e metamórficas possuem diversidades dentro desta classificação). Desta forma, áreas de geologia decorrente de um tipo de rocha sedimentar apresenta um determinado aspecto, influenciado também pela Atmosfera, Hidrosfera e Biosfera. Outras rochas sedimentares, ou mesmo a distinção entre sedimentares-sedimentares ou sedimentares-ígneas entre outras comparações se distinguem por possuírem diferentes elementos químicos e físicos, ao qual influenciam no tipo de solo e de relevo, juntamente com fatores advindos da atmosfera, hidrosfera e biosfera. Sendo que os solos e relevos também influenciam na atmosfera, na hidrosfera e na biosfera.
A dinâmica da Litosfera com outros fatores, advindos das outras camadas, é responsável pela diversidade que encontramos na superfície terrestre, relacionado principalmente ao conceito de Paisagem.
Alguns exemplos da dinâmica Litosférica da Terra são: elevação de cadeias montanhosas, terremotos, deslizamento de terra, e etc.

A dinâmica da Hidrosfera terrestre
A Hidrosfera, por possuir águas de oceanos e mares, possui em cada uma destas, uma diversidade decorrente de outros fatores provenientes da Litosfera, Atmosfera e Biosfera. A água da hidrosfera pode ser encontrada nos oceanos, mares, rios, lagos, nuvens (forma de vapor), polos norte e sul (forma de gelo), aquíferos, lençóis freáticos, etc.
Em áreas de clima (atmosfera) semiárido, a hidrosfera tende a ser de rios temporários e pequeno lençol freático. Em áreas de clima úmido, a hidrosfera tende a ser de rios espalhados pela superfície, onde a densidade de cursos d’água por área é muito grande, com rios grandes com muitos afluentes (rios que se unem a um rio maior).
Em áreas de relevo acidentado (montanhas, escarpas) os rios tendem a ser encachoeirados, com cursos mais retilíneos, a reserva de água é baixa (devido a inclinação do relevo); em áreas de relevo plano (rios de planície), os rios tendem a ser meândricos (percorrendo o relevo e curvas).
Em áreas de rica em Biosfera, com alta decomposição de material orgânico, os rios tendem a ser de água escura, enquanto, com baixo percentual de biosfera, as águas tende a ser claras, ou cheias de sedimentos. Por exemplo, o encontro dos rios Solimões e Negro, que formam o rio Amazonas.

No caso do encontro destes dois rios, o Solimões é amarelado devido a composição de minerais advindos de áreas mais elevadas (maior erosão), enquanto o Negro é advindo da planície amazônica, com pouca erosão, mas muita decomposição de material orgânico, que propicia a coloração escura da água.

A dinâmica da Atmosfera terrestre
 Por ser constituída principalmente de gases, cada uma das camadas atmosféricas possui uma característica específica. Mas como a parte da atmosfera que mais nos interessa é a Troposfera, é sobre esta que ocorre a dinâmica dos elementos climáticos (temperatura, pressão e umidade). Estes elementos se modificam com a mudança dos fatores climáticos (relevo, latitude, maritimidade/continentalidade entre outros), exemplos são locais secos e outros úmidos (correspondem no maior ou menor percentual de água gasosa na atmosfera).
O fator relevo (Litosfera) implica na maior ou menor altitude que condiciona a pressão atmosférica, que propicia a dinâmica da circulação de ar; a radiação solar chega a Terra de forma irregular entre a zonas de maior ou menor latitude, propiciando a zonas de baixa e alta pressão, o que possibilita a circulação das massas de ar perante todo o globo terrestre.
Em áreas onde a circulação atmosférica permite valores altos de precipitação, a vegetação tende a ser densa (florestas Amazônica e Mata Atlântica), o relevo tende a ser dissecado e os solos profundos, enquanto áreas de menor pluviosidade a vegetação tende ser mais esparsa, de menor porte, o relevo tende a ser mais plano e os solos mais rasos.

A dinâmica da Biosfera
A Biosfera é a união de fatores advindos da Atmosfera, Hidrosfera e Litosfera que possibilitam a vida de micro e microrganismos.

Em áreas de clima quente (latitude baixa) e chuvoso (atmosfera), a tendência é de haver bastante recurso hídrico e temperatura constante para procriação de seres vivos. Em locais de clima quente e seco (áridos e semiáridos), além da média excessiva da temperatura durante o dia, e temperatura baixa nas noites (alta amplitude térmica), falta água para possíveis seres vivos (fatores de influência da maritimidade/continentalidade, latitude e relevo).
A formação de Ecossistemas (conjunto dos relacionamentos que a fauna, flora, microorganismos - fatores bióticos - e o ambiente, composto pelos elementos solo, água e atmosfera - fatores abióticos - mantém entre si) é de plena interseção entre fatores bióticos e abióticos, onde existe uma diversidade de biótipos é tendência de ser decorrente de clima quente e com pouca variação térmica (de temperatura), distribuição regular de precipitação (chuva). Já em locais de relevo acidentado, alta amplitude térmica, precipitação escassa, a diversidade de biótopos é muita mais baixa do que e áreas anteriormente mencionadas, onde a adaptação das espécies ocorre de forma mais concisa, aos quais os seres que ai habitam, são altamente adaptados as circunstâncias que a área impõe.
É comum ouvirmos ou vermos noticiários de catástrofes naturais (principalmente enchentes e deslizamentos de terra). Quando esses tipos de anomalias acontecem, é por que ocorreu alguma anormalidade na relação entre dois ou mais camadas da natureza (Litosfera + Atmosfera, ou Atmosfera + Hidrosfera + Litosfera, entre outras possibilidades).
Alguns exemplos de anormalidades na relação entre as esferas da Terra estão apresentados a seguir:

Esta imagem é referente aos deslizamentos de terra que ocorreram na cidade de Teresópolis, no RJ em 2011. Onde o desastre natural foi ocasionado pela interação entre Atmosfera, Biosfera, Litosfera e também Hidrosfera (os solos da região serrana do Rio de Janeiro não suportaram o excessivo volume de precipitação) onde ocorreu o deslizamento, influenciado pela Litosfera (solos e relevo), acionado pelo índice pluviométrico - atmosfera (chuvas excessivas), aos quais gerarem uma grande carga de água nos solos e estes, devido à inclinação do relevo (Litosfera), geraram os deslizamento, e consequentemente a percolação de água (cursos de água temporários) pela superfície.


Esta imagem é representativa de uma enchente do rio Piranga que ocorreu no município de Porto Firme-MG no ano de 2012. A enchente é um fenômeno relacionada à Atmosfera (fenômenos que ocasionam alto volume de precipitação), Litosfera (solo sobrecarregado de água) e Hidrosfera (aumento do volume de água nos cursos de água que transbordam o seu canal normal de drenagem).

Atividades
1)  (CTF-PR) Um garoto, durante o primeiro dia de suas férias, viajou com os seus pais, de avião, para uma belíssima praia brasileira. Neste mesmo dia, praticaram mergulho e, ao anoitecer, caminharam em uma trilha ecológica bastante conhecida na cidade onde estavam hospedados.
Pode-se afirmar que neste mesmo dia este garoto passeou, respectivamente, por partes da:
a) hidrosfera, atmosfera, e litosfera.
b) atmosfera, litosfera e hidrosfera.
c) litosfera, atmosfera e hidrosfera.
d) litosfera, hidrosfera e atmosfera.
e) atmosfera, hidrosfera e litosfera.

2)  (UDESC 2008) Sobre a hidrosfera, pode-se afirmar:
I – No planeta Terra a água é encontrada naturalmente nos três estados: líquida, sólida e gasosa.
II – A água do mar só é salgada porque, após a solidificação da litosfera, e com o estabelecimento do ciclo da água, a ação do intemperismo desagregou e decompôs as rochas, dando origem a sais minerais. Estes eram levados para os mares e oceanos por diversos agentes erosivos. Assim, os mares e oceanos foram-se tornando salinos.
III – As águas se concentram mais no hemisfério Sul do que no hemisfério Norte.
IV – As marés são movimentos de lenta subida e descida das águas dos oceanos e mares; podem ser observadas no decorrer de um dia e são provocadas pela força de atração da Lua e do Sol.
Assinale a alternativa correta
a) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
c) Somente a afirmativa IV é verdadeira.
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

3)  (PUC-RS) As rochas, antes de serem trabalhadas pela erosão, são “preparadas” por um conjunto de reações químicas ou fenômenos físicos, para a ação de desgaste. Essa fase que precede a erosão denominamos:
a)   Abrasão.
b)   Intemperismo.
c)   Orogênese.
d)   Evapotranspiração.
e)   Estratificação.

4)  (UFBA) Com base no esquema e nos conhecimentos sobre a dinâmica do meio ambiente, pode-se afirmar.

01. O relevo, ao mesmo tempo em que recebe influência do clima, pode também interferir, significativamente na temperatura, na pressão atmosférica e na distribuição espacial das isoietas anuais.
02. O solo representa o elemento síntese se uma paisagem, porque as pequenas alterações que ocorrem nos demais componentes do meio natural são imediatamente refletidas nesse componente de natureza estritamente abiótica.
04. A organização espacial das bacias hidrográficas, nos seus mais diferentes padrões de drenagem, é uma consequência direta dos regimes e da intensidade de chuvas que abastecem as redes fluviais nas diversas latitudes.
08. O relevo terrestre é produzido pelo ajuste de processos internos e externos, sendo os processos exógenos representados pela orogênese e pela epirogênese, responsáveis pela esculturação do modelado.
16. Os domínios estruturais que aparecem no território brasileiro são caraterizados por feições escarpadas, intercaladas por vales bem encaixados, nos quais os processos endógenos tiveram, no passado geológico, uma intensa atividade.
32. O domínio dos “mares de morro”, existente no sudeste brasileiro, atesta a grande influência dos processos exógenos na paisagem regional.
64. Os solos, nas regiões intertropicais marcada pela ação do intemperismo físico, são geralmente bem desenvolvidos e profundos, favorecendo a cobertura natural.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas:
a)   02+08+32 = 42
b)   01+08+16 = 25
c)   01+16+32 = 49
d)   02+04+32 = 38
e)   01+02+16 = 19

5)  (UNEAL) Além do mau uso, a demanda por esse recurso tem sido cada vez maior, devido ao crescimento populacional e à ampliação de atividades econômicas. Quanto à renovação desse importante recurso, não há comprovações sobre o seu aumento, pelo contrário, sua escassez em algumas regiões do mundo já é uma realidade. Portanto, apesar de renovável, muitos povos sofrem com a sua diminuição e futuramente terão sua sobrevivência ameaçada.
A afirmação revela a preocupação com a escassez
a) do petróleo.
b) da vegetação.
c) da água.
d) do carvão mineral.
e) de alimentos.

6)  (ESPM-adaptada) O século XXI assiste a um grande desafio em relação à questão da água no planeta. Observe o gráfico da distribuição da água e as afirmações abaixo:

I. A maior parte da água doce do planeta encontra-se nas geleiras.
II. O uso doméstico é onde se tem o maior consumo mundial da água, seguido da agricultura.
III. A água doce encontra-se distribuída irregularmente pelo planeta.
IV. De toda a água do planeta, apenas 50% é doce.
V. Brasil, Rússia e Canadá são países privilegiados quanto às reservas hídricas.
Estão corretas:
a) I, II e III.
b) I II e V.
c) I, III e V.
d) II, III e V.
e) III e IV.

7) (FUVEST) Leia o texto abaixo e, em seguida, escolha a frase que o completa corretamente.
A tragédia de um mar que secou

“Há quarenta anos, Muynak era um porto pesqueiro movimentado. O nível d'água baixou tanto que hoje, a olho nu, não se vê uma gota até a linha do horizonte. Observando-se imagens de satélite, é possível ter uma idéia mais clara da dimensão desse processo. Quando, na então URSS, foi feito o desvio de dois rios de porte que desembocavam no mar de Aral com o intuito de
a) explorar as jazidas minerais do fundo desse mar, houve intensificação de suas altas taxas de evaporação.”
b) abastecer o parque industrial na região sudoeste, houve significativa interferência no balanço hídrico de tal mar.”
c) corrigir a salinidade de solos para a produção de trigo, houve intensificação das taxas de evaporação do mar de Aral.”
d) construir hidrelétricas em substituição às usinas nucleares, houve intensificação das taxas de evaporação desse mar.”
e) aproveitar áreas desérticas para produção de algodão, houve significativa interferência no balanço hídrico do referido mar.”

8)  (UFPB 2008)
“Nunca os seres humanos agrediram tanto o meio ambiente como na atualidade. Isso resulta em problemas que tendem a comprometer a sobrevivência não só da humanidade, mas de todos os seres vivos.” (GARAVELLO e GARCIA, 2005, p.113).
Em relação aos problemas ambientais atmosféricos, é correto afirmar:
a) As ocorrências de chuvas intensas em algumas áreas, com enchentes e deslizamentos, e, em outras áreas, de secas acentuadas e prolongadas estão entre as mudanças decorrentes do El Niño.
b) A camada de ozônio caracteriza-se como um escudo protetor artificial da Terra contra o excesso de radiações solares.
c) O óxido nitroso, emitido pelo uso de fertilizantes, biomassa e combustíveis fósseis, é a principal fonte de emissão do efeito estufa.
d) O maior exemplo de problemas ambientais, proveniente da destruição das florestas tropicais, é a mudança climática nas áreas devastadas, contribuindo para o aumento da umidade relativa do ar.
e) A intensificação do efeito estufa, provocado pela vida moderna, é extremamente preocupante, pois causa, nas grandes cidades, o aumento da temperatura e a redução nas imensas áreas rurais cultiváveis.

9)  (PUC MINAS – 2013) As chuvas nos primeiros meses de 2013 castigaram a região serrana do Rio de Janeiro, em especial o município de Petrópolis. As chuvas intensas provocaram vários deslizamentos de encostas e inundações, vitimando vários moradores dessas áreas. Com relação aos eventos chuvosos na região serrana do Rio de Janeiro, leia com atenção as afirmativas a seguir.
I. O clima subtropical da região serrana do Rio de Janeiro, com ocorrência de frentes frias, explica as elevadas precipitações no verão.
II. O relevo da região serrana, formado por encostas com declividades acentuadas, associado às elevadas precipitações, favorece os deslizamentos de terra.
III. Os deslizamentos registrados são eventos isolados, uma vez que os municípios contam com planejamento urbano para ocupação de encostas que minimizam os danos ambientais e sociais.
IV. A ocupação humana das encostas (muitas vezes irregulares) provoca alterações no ciclo hidrológico, principalmente nos processos de interceptação e infiltração da água da chuva.
São CORRETAS as afirmativas:
a) I, II e IV apenas
b) II e IV apenas
c) I e III apenas
d) I, II, III e IV

10) (UFRGS 2010) A combinação de chuvas fortes com moradias inseguras já tornou rotineiras as tragédias nas grandes cidades brasileiras. Os deslizamentos nas encostas, muitas vezes responsáveis por tais tragédias, são condicionados por fatores geomorfológicos, entre outros. Considere os seguintes fatores geomorfológicos.
1 – declividade e forma da encosta.
2 – relevo com porções côncavas na convergência dos fluxos de água.
3 – relevo com porções convexas na divergência dos fluxos de água. Quais estão relacionados aos deslizamentos das encostas?
a) Apenas 1.
b) Apenas 2.
c) Apenas 3.
d) Apenas 1 e 2.
e) Apenas 1 e 3.

11) (ADVISE 2009) A biosfera é o meio em que a vida se desenvolve em uma combinação dos elementos da:
a) biosfera, litosfera e hidrosfera;
b) atmosfera, litosfera e biosfera;
c) atmosfera hidrosfera e biosfera;
d) atmosfera, litosfera e hidrosfera;
e) biosfera, atmosfera e hidrosfera.


Gabarito
Atividades
1. E     2. E     3. B     4. C     5. C     6. C     7. E     8. E     9. B     10. D    11. D

sábado, 19 de novembro de 2016

Trabalho de Campo no Parque Nacional do Caparaó

Introdução
A ida a campo ao Parque Nacional do Caparaó, na cidade de Alto Caparaó-MG, divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, apresentou a nós alunos da disciplina GEO 320 (Dinâmica Fisiográfica do Espaço Brasileiro) as diferenças físico-bióticas do espaço ao qual percorremos em saída de Viçosa-MG a cidade de Alto Caparaó-MG onde fica a portaria do lado mineiro para entrada ao parque. 
O intuito do trabalho de campo nesse local foi fazer a caracterização de um ambiente diferenciado do qual estamos observando no dia a dia que é a região de “mar-de-morros”, como assim chamou Aziz Ab’Sáber, e observar as relações entre o clima, a geologia, a geomorfologia, a fitogeografia que compõem as mudanças entre esses ambientes (“mar-de-morros” e a serra do Caparaó) . Além da visita a campo, outros métodos foram utilizados para caracterizar o trajeto de Viçosa até o Pico da Bandeira, ponto final da excursão a campo, como o uso de mapas de solos, de geomorfologia, o uso de GPS para mapeamento de altitude e marcação de pontos no percurso.
Com a observação de alguns aspectos físicos e bióticos das paisagens do trajeto, o uso de referências bibliográficas e analise dos materiais utilizados para o trabalho de campo ficou bastante explicito as diferenças dos locais percorridos e a plena influência de cada fator relacionado com outros fatores para a diferenciação dos locais discutidos.
Locais de Parada
A ida a campo saindo de Viçosa-Mg a Alto Caparaó-MG nos dias 23 e 24 de abril de 2012 fez um percurso entre as duas cidades citadas passando por Teixeiras, Ponte Nova, Rio casca, Abre Campo, Manhuaçu, Reduto, Manhumirim e Alto Jequitibá (Figura 1).
Ao longo desse trajeto foram feitas algumas paradas com objetivos de se observar algumas questões relacionadas à dinâmica de elementos diversificados que compõem as paisagens locais aonde paramos. Além da observação nos pontos de parada tivemos ainda as discussões referentes ao mapa de solos (Figura 1), a modificação da natureza para usufruto e ocupação do homem (o que em alguns casos de forma inadequada).

Figura 1: Mapa de solos e do trajeto feito durante o trabalho de campo. Elaborado por: José João Lelis leal de Souza.   
Todo o trajeto foi feito sobre a Faixa Móvel Atlântica, com rochas variando da era Pré-Cambriana no período Proterozóico (3,2 bilhões de anos) até a era Paleozoica no período Ordoviciano (500 milhões de anos), ou seja, juntamente com as serras da Mantiqueira, do Espinhaço e de outras, a serra do Caparaó está no grupo dos chamados antigo dobramentos que iniciaram sua elevação na era Paleozoica.
As rochas predominantes de todo o trajeto percorrido são graníticas e gnáissicas que deram origem a variados tipos de solos da cidade de saída à cidade de chegada a visita ao parque, como indica na Figura 1. Os solos são:
. Viçosa - Teixeiras até próximo a Ponte Nova, o LVAd3, LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico típico. A moderado, textura argilosa/muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (50%) + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (25%) + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa/muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado (25%);
. Proximidades de Ponte Nova, o LVAd7, LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta subperenifólia, relevo forte ondulado (50%) + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado (30%) + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado (20%);
. Ponte Nova até as proximidades de Abre Campo, o PVAe1, ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado (40%) + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado (25%) + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa/muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado (20%) + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado (15%);
. Proximidades de Abre Campo, LVAd9, LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico húmico, A húmico, textura muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (50%) + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa/muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (30%) + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico latossólico, A húmico, textura argilosa/muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (10%) + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (10%);
. Proximidades de Abre Campo, LVAd15, LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado (50%) + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado (25%) + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado (25%);
. Proximidades de Manhuaçu, LVAd4, LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico húmico, A húmico, textura muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (20%) + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico húmico, A húmico, textura muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (20%) + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico latossólico, A húmico, textura argilosa/muito argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso (30%) +  NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, A húmico, textura argilosa, fase campo rupestre, relevo montanhoso (15%) + AFLORAMENTO DE ROCHA (15%);
. Proximidades de Reduto, Manhumirim e Alto Jequitibá, LVAd23, LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico húmico, A húmico, muito profundo, textura argilo arenosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo montanhoso (45%) + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, A moderado ou proeminente, muito profundo, textura argilo arenosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo montanhoso (30%) + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, A moderado, textura argilo arenosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo montanhoso (25%);
. Alto Caparaó, LVAd1, LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico húmico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso + LATOSSOLO AMARELO Distrófico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, fase florestal tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado/montanhoso.      
 O papel da elevação de altitude na dinâmica da paisagem
A elevação de altitude que nessa região de dobramento é muito alta, se comparada a maior parte do território brasileiro, chegando a 2892 metros acima do nível do mar, revela uma dinâmica da fitogeografia muito diferenciada a partir do escalonamento altimétrico da região.
O parque está inserido, segundo a definição de Ab’Sáber, no Domínio Morfoclimático Atlântico, mas a sua vegetação ao se elevar a altitude, se modifica assim como o clima, o solo e outros fatores. Entre 800 e 1700 metros a vegetação é formada por Floresta Pluvial Montana (foto 1), entre 1700 a 2400 metros a floresta é ocupada por campos de altitude e campus rupestres (foto 2) e a acima de 2400 metros o predomínio é de campos incrustados em afloramentos rochosos (foto 3). A diferenciação da fitogeografia é percebida como em andares de altitude, onde se modificam suas características quando se modifica a pressão atmosférica e a sua quantidade de umidade, aonde quanto mais alto, maior a secura atmosférica.
Na parte de domínio da Mata Atlântica é onde se localiza a maior quantidade de biodiversidade do parque, sendo também a parte mais ameaçada e transformada pela ocupação anterior a formação do parque.  Na parte onde predomina os campos de altitude, como o próprio nome indica, a vegetação é adaptada a um solo mais pedregoso e de menor profundidade, frios mais intensos, menor concentração de umidade e formação de crostas de gelo, podendo ser caracterizada como um tipo de meio “natural” difícil (J. DEMANGEOT; 2000) assim como os semi-desertos e desertos, as tundras circumpolares, a floresta boreal e mesmo a montanha alpina.
Foto 1: Floresta Pluvial de Montana, altitude próximo a 1600 metros.

Foto 2: Campos de altitude ou Campus rupestres, altitude por volta de 2400 metros.

Foto 3: Campos incrustados em afloramentos rochosos próximos a altitude máxima do pico.


Como demonstrado na foto 2, há ocorrência no parque de árvores da espécie Araucária angustifólia, com nome popular de araucária, onde a ocorrência dessa espécie hoje no parque é causa de eventos climáticos históricos, onde com a glaciação de Würm-Wisconsin o clima foi mais seco e mais frio que o atual nesta última glaciação que perdurou entre 12.000-18.000 anos atrás, onde Ab’Sáber defende a teoria dos Refúgios Florestais, ao qual em regiões com altitude mais elevada no sudeste brasileiro, que apresentam características mais frias e mais secas ainda exibem núcleos de araucárias onde hoje não tem nenhuma ligação de corredor ou mesmo fitogeográfica entre as áreas. Essa presença de araucárias na região sudeste em alguns pontos é devido à expansão do espaço de ocupação do território que sofreu à floresta de araucária na época da ultima glaciação, onde Ab’Sáber  (1977b) apresenta os paleoespaços fitogeográficos da América do Sul entre 13000-18000 anos, no máximo glacial (Figura 2).
Figura 2: Configuração dos paleoespaços fitogeográficos da América do Sul durante o último máximo glacial (AB’SÁBER, 1977).
           As características de altitude da Serra do Caparaó
O clima hoje é caracterizado pela classificação de Köppen como o Cwb (C = clima mesotérmico; w = chuvas de verão e outono; b = verões brandos), ou seja, é um clima de temperaturas mais amenas (caracterização de subtropical ou temperado), onde as chuvas se concentram de novembro a janeiro (de 35% a 50% da precipitação anual) e o verão apresenta temperaturas menos elevadas como é característica da latitude do parque, claro que devido a altitude o parque se torna exceção climática nessa região.
O Maciço do Caparaó é datado como os antigos dobramentos, sendo esses de idade variando por volta de 2 bilhões de anos,  proveniente portanto da era Pré-Cambriana, mas que as rocas foram, pode-se dizer, retrabalhadas no ciclo brasiliano (período Cambriano e era Paleozoica) com rochas predominantemente metamórficas, como é de característica de regiões provenientes de dobramentos, e essas rochas são com maior importância os gnaisses, migmatitos e charnockitos. Com relação à geomorfologia no parque o que predomina é a morfogênese, ou seja, a modificação do desenho da paisagem, pois é evidente que a erosão, principalmente eólica e fluvial é mais efetiva devido as fortes rajadas de vento e a incisão dos canais fluviais nos “vales encaixados em V” (foto 4) e a pedogênese, principalmente nos pontos mais elevados e íngremes da serra, é de fraca proporção, tendo solos muito pedregosos e muito rasos. O tipo de solos característico da região que mais chama a atenção de pesquisadores e mesmo de pessoas não ligadas a pesquisa é o solo com aparência escura, de cor preta, que é bastante aparente em algumas áreas com algum perfil plano (foto 5) que é o Organossolo. O Organossolo tem como característica a sua cor escura devido a grande quantidade de matéria orgânica presente em sua composição (0,2 kg/kg de solo ou 20% da massa), pois em locais de temperatura mais baixas a decomposição de matéria orgânica é muito lenta, assim sendo, acaba se incorporada ao solo. Outro solo também bem característico da área é o Neossolo, que são solos poucos evoluídos e sem horizonte B diagnóstico.
   
 Foto 4: Vales “encaixados em V. 

Foto 5: presença marcante de Organossolo.
Apesar da altitude de exceção no território brasileiro e sua menor temperatura, não ocorre a ocorrência de neve, pois segundo o gráfico – Limite das Neves e Precipitações no Globo, pág. 243 -  de Jean Demangeot, em seu livro “ Os Meios ‘Naturais’ do Globo”, coloca em comparação a latitude (Norte ou Sul) e a altitude onde tem a ocorrência ou poderia ter de precipitação e neve. Na observação desse gráfico e em comparação a latitude do parque Nacional do Caparaó (20o19’S e 20o37’S) e a máxima altitude que é a do Pico da Bandeira (2892 m), a ocorrência de neve não existe em permanência (o que devido a algum evento anormal pode ser que aconteça em algum dia especifico), pois segundo o gráfico, para que ocorra nessa latitude, é necessário que a altitude seja em torno de 5000 metros e a precipitação próxima a 3000 metros é variável próximo a 800 mm/a.
O papel da drenagem
A drenagem dos rios que tem suas nascentes próximas a topo do Maciço tem como características a rede de drenagem ser incrustada em vales com formação em V, com perfil de distância entre o divisor e o leito menor do rio formando em desenho a aparência da letra V realmente e onde a maiorias dos leitos são perenes.
A Geomorfologia local tem o papel bem explicito na forma da rede de drenagem, pois o local é de altitude elevada (figura 3 e 4) e tem nas águas correntes dos rios e riachos o principal agente de morfogênese do maciço, ou seja, o papel de agente erosivo atuante. Dessa maneira, a atuação do agente erosivo água e bem atuante nesta região. Em algumas áreas mais planas, onde é de ocorrência a formação do Organossolo, tem o acumulo de água, que também é característica para a formação desse solo, além de matéria orgânica e frio.
Figura 3: Perfil altimétrico do percurso feito entre Viçosa-MG e o Pico da Bandeira-Parque Nacional do Caparaó. Elaborado por: José João Lelis leal de Souza.  


Figura 4: Perfil de altitude dos pontos de saída (Pousada - Alto Caparaó), Mirante, Casa de Pedra, Perfil de Coleta de solo e chegada (Pico da Bandeira). Elaborado por: José João Lelis leal de Souza.  

Conclusões
O trajeto de Viçosa-MG até o Pico da Bandeira apresentou uma diversidade de características de Pedologia, Geomorfologia, Fitogeografia e Hidrográfica, onde a formação dessas áreas tem um papel histórico muito atuante na caracterização deste espaço.
Saímos de um local com predominância de Latossolo e floresta tropical subperenifólia com altitude próxima a 700 metros e por fim chegamos a um local de predominância de afloramentos de rochas e solos do tipo organossolo e neossolo com altitude próxima a 3000 metros. Entre esses dois locais, a mudança de fatores vai se intercalando, claro, juntamente com a grande modificação do meio “natural” pela população ocupante, e dessa maneira a paisagem vai se modificando a partir do momento que os fatores e elementos (altitude, umidade, exposição solar, declividade das encostas, pressão e outros) se modificam em decorrência da ligação de uns com os outros.
Essa diferenciação de paisagens “naturais” ficou evidente principalmente através do relevo, da vegetação, da hidrografia, da temperatura e da umidade analisadas através da observação e dos equipamentos utilizados como o GPS que mostrava a temperatura e a altitude do percurso feito.  
Referências Bibliográficas:
AB’SÁBER, A.N. Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. Paleoclimas (3).São Paulo. 1977.
AB’SÁBER, A.N. Os Domínios de Natureza do Brasil: Potencialidades paisagísticas. Ateliê Editorial, São Paulo. 2003. 159p.
BROWN, J. H; Lomolino, M, V. Biogeografia. 2. Ed. Ver. E ampl. – Ribeirão Preto, SP: FUNPEC Editora, 2006.
DEMANGEOT, J. Os Meios “Naturais” do Globo. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 2000.
EMBRAPA - CNPS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasilia: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa-Solos, 2006. 306 p.
PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ. Geologia. http://www4.icmbio.gov.br/parna_caparao/index.php?id_menu=73
PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ. Vegetação. http://www4.icmbio.gov.br/parna_caparao/index.php?id_menu=74
PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ. Localização. http://www4.icmbio.gov.br/parna_caparao/index.php?id_menu=75
PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ. Hidrografia. http://www4.icmbio.gov.br/parna_caparao/index.php?id_menu=155