Para Antônio C. R. Moraes, Ratzel
acredita numa geografia entendida como uma ciência de síntese, que trabalha com
diversos fenômenos tentando apreender suas relações. É uma ciência que “de
contato entre fenômenos naturais e sociais”. Isso significa uma ciência que
estuda os fenômenos sociais e naturais e as influências dos últimos na
constituição dos primeiros.
Com base nas discussões de
Antônio C. R. Moraes a concepção de geografia de Ratzel envolve a relação entre
sociedade e as condições ambientais. Segundo Moraes, Ratzel entendia a
geografia seria ao mesmo tempo uma ciência humana e da Terra, uma vez que, a
história humana integra-se com a história do planeta. Sua concepção de
geografia se dá, portanto, na relação da história do homem sobre o meio.
Outro ponto de discussão na sua
obra é o Estado, as relações internacionais, das fronteiras ou da guerra,
segundo Moraes. Para Ratzel a geografia deveria tematizar as relações que
impulsionam ou freiam o movimento dos povos, as trocas entre o homem e o meio natural
onde se localizavam. Assim, o contato entre fenômenos naturais e sociais.
A indagação dos geógrafos seria
quais influências da natureza, ou das condições naturais, sobre as sociedades. Segundo
Moraes, Raztel dividiu a geografia em três campos de pesquisa: a geografia
física, a biogeografia e a antropogeografia. Mas Ratzel dedicou-se mais à
geografia do homem, segundo Moraes.
O estudo da antropogeografia
teria como objeto principal a ação dos elementos naturais sobre a evolução da
sociedade (sua hístória), a difusão desses povos sobre o meio natural e o
estudo da formação de seus territórios. Segundo Moraes, Ratzel foi acusado de
ser determinista devido a suas colocações sobre a influência natural sobre as
sociedades.
Mas na concepção de Ratzel essa influência
não seria o determinante da história de uma dada sociedade. Para Ratzel o meio
natural fornece elementos aos quais a sociedade tem que se adequar e através do
conhecimento sobre os elementos e das tecnologias desenvolvidas a sociedade
tende a superar as condições impostas pelo meio, e até mesmo aproveitar os
recursos. Ratzel nos chama atenção para isso. Ele diz que em um determinado
território, o recurso não e visto de forma potencial se não houver um
conhecimento de como desfrutá-lo.
As principais fontes teóricas do
pensamento ratzeliano segundo Moraes são: no nível do objeto, a filosofia da
história de Herder e a geografia comparada de Ritter. No nível do método, a
filosofia positivista de Comte e a ecologia de Haeckel. Segundo Moraes, Ratzel
introduziu o positivismo na ciência geográfica. A concepção de método de Ratzel
seria marcada pelo positivismo.
Ratzel buscou na obra de Comte alguns
conceitos e concepções que permite tal classificação, como por exemplo, a visão
da sociedade como um organismo, o método científico, o conceito de “força da densidade”
e “meio intelectual”. Essa filiação ao positivismo teria tido como conseqüência
o estudo dos fenômenos humanos através do uso de métodos próprios das ciências
naturais.
A antropogeografia foi encarada
como uma ciência empírica pautada na observação e na indução. A indução deveria
comandar a pesquisa, que seria composta por uma descrição minuciosa dos quadros
espaciais e a descrição dos elementos diferenciados, entre os quais os
fenômenos humanos. Segundo Moraes no cerne da proposta de Ratzel está a visão
de causalidade o que teria empobrecido seu trabalho. A sociedade passa a ser
vista como um ser passivo que depende das condições do meio externo. Sua
intenção passa a ser a definição de leis que expliquem a influência das
condições naturais sobre a evolução dos povos, algo bem característico do
método das ciências naturais.
A Terra é posta como um substrato
indispensável da vida humana, sua condição universal de existência. O espaço,
segundo ele, encera a s condições de trabalho, que aumentam progressivamente
com o seu desenvolvimento. A relação com o meio seria uma constante nos
acontecimentos que interessam à história do homem, esse ser terrestre. A
questão do espaço ocupa um lugar central na história. Por isso ele constrói
dois conceitos fundamentais em sua obra: o de território e de espaço vital.
O território seria definido como o
espaço que alguém possui. O que qualifica o território em sua concepção é a
posse por uma sociedade. O espaço vital seria o espaço necessário para que uma
dada sociedade sobreviva utilizando os recursos disponíveis explorados com sua
tecnologia.
A partir do texto de Moraes podemos concluir que a
importância de Ratzel se deve, sobretudo, pelo fato do autor destacar a importância
da influência do meio natural no desenvolvimento das sociedades. A relação
entre os fenômenos naturais e os fenômenos sociais parece sua maior
contribuição.
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